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o economista

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—— Kota Zé, —— dizia ele, com muita calma —— é<br />

melhor pôr de lado isso de Sanatório, Sanatório. Só<br />

depois de nós chegarmos lá em casa do kota Kizua é que<br />

vamos saber toda a verdade.<br />

—— É nverdade memo! —— assentiu o Interino.<br />

O trajecto Sanatório-Roque Santeiro era longo e<br />

demorado pelos engarrafamentos já clássicos de muitos<br />

trechos das vias, pelos eternos buracos nas estradas,<br />

pelas paragens de fazer apear e de fazer desapear<br />

passageiros, e como se tal não bastasse, pelos agentes de<br />

trânsito que aqui, ali e acolá, muitos numa só viagem<br />

mandavam parar uma, duas, três, dez vezes e dez viaturas<br />

de uma só vez, para nelas descobrirem a falta dum pisca,<br />

duma taxa disto e daquilo e daquilo, duma licença de<br />

condução, duma identificação no tabellaire, de um anjo da<br />

guarda, de qualquer pretexto de fazer a viatura, o táxi<br />

ficar ali minutos, horas, anos estacionado, com os<br />

passageiros no seu interior a ficarem assados de tanto<br />

calor, ou a quererem já bazar embora, até que o figurão<br />

do vaidoso agente de trânsito abrisse o jogo da «gasosa»<br />

que ele próprio desavergonhadamente a sorrir punha no<br />

bolso ou se calhar já depois dumas birras no bucho,<br />

ebrirridente mandava o motorista pagar à um mocito<br />

abancado numa esquina lá mais adiante, para inglês ver...<br />

Poucas eram as vezes que Das Fitas, desde que se<br />

abalara com a família do mato para a capital, andava de<br />

táxi. Para ele essa viagem estava sendo mais longa e<br />

demorada que a maior viagem já feita em toda a sua<br />

existência. Se não fosse andar com o Dosolho, dava-lhe na<br />

gana de numa dessas longas paragens dum próximo<br />

engarrafamento, fugir do táxi e ir embora à correr até à<br />

casa do seu primo-como-irmão.<br />

—— «Pôras, —— chateava-se ele com os seus botões —<br />

— andare ndo caro aqui no Luanda é fodidos. É calore, é<br />

parare, é nhenque-nhoco ndesses nzairenses aqui, pessoa<br />

nu sabe quê que estão falare, é jipurícia pára aqui, pede<br />

ndinhero ari, pôras!... Jicandongueiro anda pára, anda<br />

pára, comoé pessoa ansi pode chegar kabucado cedo?»<br />

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