o economista

—— É fodido, kota. —— apoiava, com a voz condoída
o outro.
—— Fodido, é favor! —— exclamou o Comando —— O
mais fodido é não encontrar lá na frente de combate
nenhum filho da puta de filho dum ministro, dum deputado,
ou dum dirigente qualquer, que só vão para a tropa fazer
recruta dum coro, rodeados de bifes, perfumes, leites e
putas, para serem depois colocados nos gabinetes das
cidades, ao pé dos papás, a espera que estes se reformem
para lhes substituir no lugar, sabias?...
Num outro canto do quintal, a conversa era
diferente:
—— Se não matassem o Nito Alves, ele é que havia
de endireitar esta merda!
—— É verdade! —— apoiava um outro —— Você leu o
livro dele ―As Dez Teses da Minha Defesa‖?, porra, aquele
muadiê tinha, iá?
—— Iá, eu li! —— respondeu o outro —— Numa das
teses ele dizia que é necessário descer ao povo, para
subir com o povo. E o que é que esses filhos da puta do
governo fazem? Descem ao povo, se é que descem, mas é
para espetarem kibiona no cu do povo...
—— É mesmo verdade! —— apoiava o outro.
—— É verdade, é verdade, mas neste país, se alguém
fala a verdade é logo preso ou morto. Até sobre a puta da
perna que perdi lá no Cuito Cuanavale, não posso falar
nada! —— dizia um outro cliente, levantando as calças
para mostrar a prótese —— Está aqui esta merda, é
mentira, não é verdade?!...
No círculo do kota Café, a conversa rondava à
volta de um outro assunto:
—— Quem te disse, onde é que você leste, qual é o
documento que viste, que te diz que o kota Elias é o rei
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