o economista

...A
―DAS FITAS‖
lternância do poder?, para quê, se ele
só cortava fitas, Fitas e só FITAS,
rodeado de muitas cadeiras de fitas que ele próprio tinha
obtido das mangueiras de plástico de petróleo, que nem
todas eram feitas aí muito perto do seu mbongue e da
avenida estreita de mais para quem lá quisesse chegar e
dizer: ó kota, então, já cortaste as minhas fitas?...
Poucos sabiam ao certo, donde viera, como viera,
nem por que cargas de petróleo o Das Fitas tinha vindo.
Sabia-se é que na base da sua locomoção estava e sempre
tinha de estar o petróleo nosso de cada dia muitos
bilhões de dólares, de que ele só bilhas via, na hora em
que a tesoura cansada tinha de ser enviada ao Nando, o
homem dos afias e ele, aproveitava para tirar umas férias
rápidas, rapidinhas, mas sempre eficientes, no bilhar do
kota Lulas, ali próximo do rio do vale do Soroca.
Ponto assente e unânime, é que o rapaz devia ter
vindo de muito longe, das terras do Tunda-Daki, do
Cambundi Catembo, do Quirima ou quiçá mesmo das terras do
Luquembo. Falava songo, quimbundo, umbundo, e o
português, é coisa que o rapaz, sim senhor, sabia
maltratar:
—— Ó ti Luís, os ngajo ndu Cipare quero sumbir as
preço ndo manguera.
—— Como assim?! —— interrogava o homem dos
matraquilhos.
—— É! Eles num sabe que nojo é que estamojo lhes
ndare a dinhero, senão quem é que ia lhes comprare os
manguera ndere. Aqui no Luanda água num há, manguera só
ndá memo pros candera nde fita...
—— Papá, o tisora já está prontado! —— era o filho
a interromper-lhes.
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