o economista

---- Mas, explica-me então, ganhaste a sorte grande ou
quê?
Zito não explicou. Apenas quando foram para o quarto e
João Adérito Simões, chefe da secção do pessoal da ENCI-
UEE, leu sílaba por sílaba, o despacho do Director-Geral,
é que Marisa sossegou.
---- Ouviste? Ouviste bem? Temos o Isuzu! Agora é que
nenhum viococo vai nos aguentar! ---- exaltava-se o
marido.
E logo que teve a autorização de retirar do parque da
empresa o quase sepultado camião, João Adérito Simões,
começou a parecer chanfrado...
Tratou tudo quanto é documento de carro, entrou mil e
uma vezes no Registo de Propriedade Automóvel, saiu não
sei quantas vezes das Obras Públicas, assinou Deus sabe
quantos papéis, e lá teve o raio do Isuzu nas suas tão
arrojadas mãos.
Enquanto os outros Isuzus da empresas andavam parados
por falta de peças sobressalentes, aqui o do senhor
Simões tinha até de sobra.
Todo mundo ficou atandacanhado com a sorte de João
Adérito. Mas, depois que passaram dois meses sem verem o
homem a regressar das férias, é que a direcção da empresa
começou a rogar azares e má-venturas ao bom do
trabalhador.
Mas, qual lá! João Adérito não quis saber de secção
nenhuma. Agora, era o director-geral de si mesmo, da sua
Isuzu. Não teria de prestar contas a ninguém, exceptuando
a sua esposa. Nem ao Diabo, nem a Deus.
E quando o Isuzu ficou pronto, pintado e artilhado e
tudo, no dia seguinte, Zito, nem matabicho sequer quis
matabichar e... para frente era o caminho...
Fez algumas manobras, deixou todas as ruas do seu
bairro para trás, apanhou a Hoje Ya Henda, e nem um
quilómetro sequer andou...
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