o economista

—— E estão todos os dias a descobrir poços de
petróleo! —— adicionou um outro passageiro.
—— Mas também, de que vale teres tantos estudos se
depois não és valorizado, se depois és atirado na
sarjeta? —— interrogava-se ainda a senhora.
Encontravam-se já em pleno mercado, e o cobrador
do táxi, um miúdo com doze, catorze anos, na sua voz rija
e rouca, gritou logo para as pessoas que se aproximavam
do carro:
—— Brigada! Congolenses-praça!
Desceram do táxi e puseram-se à caminho. Das Fitas
verificou se tinha a carteira de documentos no bolso de
trás das calças, e contente por ter tudo em ordem,
esticou ainda mais a passada. À medida que iam se
aproximando da casa do primo-como-irmão do Interino, a
ansiedade, a preocupação, a pulsação e a transpiração,
iam também aumentando na pessoa de Das Fitas.
De longe puderam ver algumas crianças brincando
junto à porta do quintal de Kizua, e já próximos algumas
vieram agarrar-se aos pés dos dois, cumprimentando-os.
—— Quem está no dentro? —— indagou logo o
Interino.
—— Tá lá mamã Antonica. —— respondeu a mais
crescidinha de todas, seguindo-os atrás. —— «Antão mano
Kizua e mana Maria estão memo no spitare» —— pensou Das
Fitas. —— Dá ricença! —— pediu ele, já no interior do
quintal e com Dosolho atrás de si.
Uma senhora com um bebé ao colo, surgiu à frente
deles, vindo do interior da casa. Embora esboçando um
sorriso ao ver o Interino, parecia entretanto não
conseguir ocultar o semblante de tristeza que trazia no
restante dela. Os gestos e o olhar traíam o seu sorriso.
—— Quaré spitare que ere está? —— perguntou
imediatamente o Interino, estendendo a mão para
cumprimentar.
67