o economista

Nessa hora, o mercado encontrava-se já em franco
reboliço, com os vendedores ambulantes, os compradores e
os trabalhadores raboteiros, cadiengueiros, gatunos,
animais, carros, motorizadas, canhangulos, e tudo o mais,
a cruzar-se em todas as direcção de todos os cantos.
Acima de tudo isso, à bilionésimos de centímetros de
altura girava uma fera, uma esfera, uma deusa chamada
sol, a emitir todo o seu fogo e calor para o mercado,
para as coisas no mercado, e para o corpo das pessoas no
mercado.
—— Nós vendemos bebida aí em baixo, é lá que está
o dinheiro. —— disse uma das compradoras, seguida pelas
duas mulheres de Das Fitas e pela outra que era, afinal
amiga.
—— Não é muito longe? —— perguntou mana Anita.
—— Não; é mbora próximo. —— respondeu uma das
compradoras.
Embora não frequentassem com muita regularidade
esse mercado, as duas kimbetas sabiam por demais das
cenas de roubo, burla e até de morte, que lá se passavam.
Mas talvez desconhecessem que a desonestidade e o crime
usassem vestes mais versáteis e voláteis que as da
honestidade e as da justiça...
Tinham já deixado a área do mercado e encontravamse
numa zona adjacente àquela, mas caracterizada por
muitas casas e casotas, na sua maior parte feitas de
chapas de zinco, papelão, plástico, e com uma confusão de
becos a intermediá-las, tal que as duas kimbetas, ora
indo para cima, ora para baixo, ora para a direita, ora
para a esquerda, nem sabiam mais em que ponto da rosados-becos
se encontravam.
—— Maje o casa antão é onde é? —— indagava
preocupada a mana Maria.
—— É já aqui. —— respondeu uma das compradoras,
empurrando uma porta que de repente apresentou-se à
direita delas.
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