15.04.2013 Views

o economista

o economista

o economista

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

qualquer rebaixamento com relação a prima, mesmo tendo<br />

ela prometido guardar segredo sobre o passado de Zito.<br />

Entretanto, havia já um tempo que Alice vinha<br />

apresentando notáveis mudanças no seu aspecto físico, o<br />

que não deixou de saltar á vista das pessoas, mormente<br />

das de Marisa, apesar do esforço que fazia para<br />

dissimular o facto. Mas até ali nunca houvera argumentos<br />

que tivessem ido contra factos. A barriga ia crescendo,<br />

aumentando na proporção inversa da das vindas do<br />

namorado.<br />

Uma semana antes de Alice ter tido o bebé, Eduardo<br />

apareceu na televisão. Havia já alguns meses que não<br />

aparecia em casa de Alice, mas nessa noite ele reapareceu<br />

em sinais de TV, a ser julgado em conjunto com uma dezena<br />

de indivíduos, por tráfico ilícito de diamantes.<br />

Com excepção dela e do seu recém-nascido, ninguém mais<br />

encontrava-se em casa. Era o desmoronar de todos os seus<br />

sonhos, das esperanças que ainda alimentava com relação a<br />

Eduardo. Com lágrimas nos olhos e um nó quente na<br />

garganta, desligou o televisor. No quarto pegou em dez<br />

comprimidos de Vallium-10 e despediu-se deste mundo...<br />

Quando Alice morreu, passavam já três meses que Marisa<br />

e Zito eram casados e viviam com o seu primogénito em<br />

casa própria. Um dia, Zito de nome completo: João Adérito<br />

Simões, filho de Constância Adérito e de João Simões,<br />

promovido a Chefe de Secção, no seu português de oito<br />

classes, feito com tanto, mas tanto sacrifício, botou<br />

algumas palavras num papel branco, constituiu missiva, e<br />

foi ele mesmo levá-la ao gabinete do director.<br />

Nesse tempo, mesmo almoçando quotidianamente o peixe<br />

frito com arroz, no refeitório da empresa, o salário não<br />

lhe servia sequer para ter uma alimentação condigna, como<br />

um ser humano de verdade, e isto sem falar dos calçados<br />

de calçar, das roupas de vestir, nem do pagamento da<br />

renda da casa onde morava.<br />

João Adérito dir-se-ia o único trabalhador que na<br />

empresa realmente trabalhava. Mal tocasse o despertador,<br />

134

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!