o economista

comprar ou visitar aquele local, mas para vender
carcaças, esqueletos de cadeiras que tinham quiçá
arrumado na arrecadação, em cima do tecto da casa, ou
atirado num canto qualquer do quintal e mais tarde, ante
a ameaça de uma greve de panelas, tivessem se sentido
obrigadas a vender.
Nos primeiros dias do seu novo emprego, Das Fitas
tratou de comportar-se como qualquer recém-empregado
ainda não cacimbado nem traquejado nas lides laborais se
comporta. Era excessivamente zeloso no que tocasse a
pontualidade e a disciplina, e não arredava obediência a
tudo quanto lhe mandassem fazer.
Era uma época em que o índice de vendas estava
atingindo os maiores picos dos himalaias já atingidos
pela sua produção. Mesmo trabalhando de segunda à
segunda, era difícil cumprir com os prazos de entrega das
encomendas, vindas de revendedores de Luanda e das
províncias, principalmente das do interior, das do
nordeste, e das do sul do país, o que seria evitado se em
face da situação fosse admitido mais pessoal para a
produção.
Todavia, o mbongue não funcionava como se fosse
uma empresa, com tudo o que lhe é característico. Era uma
aglomeração de vários grupos de produção com uma certa
inter-relação e colaboração entre si, mas independentes
uns dos outros.
Se estivessem atravessando um período de boas ou
de más vendas, tal era logo visto, sentido e apalpado por
todos, e cada grupo era livre de tomar as suas
deliberações em função das circunstâncias que
atravessavam, desde que tal não prejudicasse os demais.
A admissão e a demissão do pessoal, era também da
competência de cada grupo e nenhum bastardo estranho
qualquer, podia um dia desses tendo acordado com a nádega
destapada, descobrir que encontrava-se desempregado e
fobado, e vir desde o seu subúrbio qualquer da cidade,
para querer dar-se ao desplante, ao luxo de lá montar o
seu posto de vendas de cadeiras. Era literalmente
escorraçado.
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