o economista
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estava tão-somente a acumular, a guardar o que lhe davam,<br />
a guardar os outros. E meditando muito mais, concluiu que<br />
era um pobre diabo.<br />
Zito continuou a trabalhar, mas já sem aquela força<br />
de vontade e garra iniciais. Os clientes continuavam<br />
sempre a reclamar-se, a ameaçá-lo com contrafés e contrafactos.<br />
Zito argumentava. Que lhe entendessem e<br />
compreendessem a falta de sobressalentes reinante no<br />
mercado. Que ele não tinha culpa alguma que tivessem<br />
sabotado as lojas dos brancos que à entrada e à saída<br />
sabotaram. Que estes sim, é quem eram os verdadeiros<br />
sabotadores dos seus fogões, e geleiras e arcas, e não<br />
ele, pessoa insuspeita, a confirmar na vizinhança e quem<br />
mais em Luanda, na terra, no céu ou no inferno, o<br />
conhecesse.<br />
Mas ninguém ia confirmar. E isso provava que ele era<br />
ninguém. Que estava sendo alvo de uma conspiração não<br />
secreta. Tinha os factos à vista!<br />
E começou a sentir um medo horrível de viver sozinho,<br />
no meio daquele cemitério de geleiras, fogões e arcas, em<br />
que à noite feiticeiros guardavam o seu corpo, para<br />
depois, em orgia satã o assarem num monstruoso fogão. Que<br />
horror!<br />
Passado alguns dias, Zito deslocou-se ao musseque<br />
Mulemba-wa-xa Ngola, a procura de casa para residir,<br />
tendo conseguido encontrar um anexo, após gastar um bom<br />
cabedal.<br />
Ao constatar que o dono da casa era um velho e<br />
quimbandeiro, Zito torceu três vezes o nariz, mas já não<br />
podia retroceder. Ponderando bem sobre as circunstâncias<br />
que a sua vida atravessava, não tinha muito tempo a<br />
perder.<br />
Na madrugada seguinte, mudou-se para a nova<br />
residência com todas as suas imbambas, incluindo uma<br />
geleira, um fogão e uma arca, como troco das muitas<br />
geleiras e fogões e arcas, que pouco havia concertado.<br />
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