o economista
o economista
o economista
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
―O SR. ZÉ, O PENTE E O CHURRASCO‖<br />
P<br />
orra, passavam dois dias que o Sr. Zé não tinha<br />
a cálida companhia da sua esposa, nas noites<br />
sem fronteira da sua cama. De que maneira!<br />
Sengara a mulher, o barulho dos candengues, as<br />
três boas refeições que o bom do senhor sempre tinha<br />
diariamente; como sozinho havia já sengado o raio do seu<br />
predilecto pente de osso, razão e incógnita de todas as<br />
demais senguices.<br />
Com isso, em casa, apenas restavam a casa, a cadela<br />
Violeta, o Sr. Zé, o seu primogénito parido, e um irmão.<br />
Até as duas latas de chouriço Nobre, não falando já de<br />
tudo e mais quanto desse para encher a pança, que na<br />
nobreza daquela casa havia, haviam sengado com a esposa.<br />
E tudo, por causa do pente de osso do senhor Zé! É que<br />
não havia pente de ouro mais dourado neste mundo, capaz<br />
de afrontar réplica aos de osso, predilectos do senhor<br />
Zé. Fosse lá que pente mais pente fosse, qual quê, se<br />
atreveria a substituir aos de osso predilectos do senhor<br />
Zé!<br />
Mas, porra, nesse dia houve uma xinguilança sem<br />
precedentes! Havia o senhor Zé acabado de se lavar,<br />
quando na pressa de ter de voltar ao segundo período de<br />
trabalho, quase teria ido com o cabelo despenteado. Vai<br />
então ao sítio do pente e patavina é que lá encontrou.<br />
Todo o mundo tinha de suspender fosse o que fosse<br />
que estive fazendo: defecando, sonhando ou morrendo, para<br />
dar um S.O.S aos calundús daquele homem. E lá todo o<br />
mundo, de Cabinda ao Cunene, foi se contagiando pelo<br />
xinguilar pentossóico do senhor Zé, pondo a mobília da<br />
sala comum no quintal, a do quintal na sala comum, e a do<br />
quarto de banho, essa então… no quarto de todos os<br />
calundús que havia naquela casa, transformada dum<br />
instante para o outro em alvoroço, em foge-abelha de<br />
acordar os mundos de sossego da vizinhança, tudo e todos<br />
à procura do pente de osso do senhor Zé!<br />
Mas para sempre o pente desaparecera…<br />
3