o economista
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―Ai-ué, Boavista! Ai-ué, primo Jojó, com as estantes dele<br />
cheias de filosofiaée! Ai-ué, Quipaka, aqueles filmes dos<br />
chalados italianos!...‖.<br />
Ao aproximar-se da 9ª esquadra da Polícia, já no<br />
interior do Sambizanga, João Adérito Simões reduziu a<br />
velocidade, que nem era muita, e quase ia fazendo um<br />
adeus à cara franzida da sentinela. Lá mais adiante,<br />
via-se já a Blackhood Wodge, que não tardou a ficar para<br />
trás. Ao fazerem a rotunda, mais abaixo, um kiburaco na<br />
estrada, foi o suficiente para colocar em instantânea<br />
suspensão, todas as nádegas que vinham sentadas na<br />
carroçaria. Alguns gostaram do incidente.<br />
---- Embrulha, sócio!<br />
---- Xinjiké kué nioco!<br />
Mas outros, sobretudo os mais idosos, não gostaram:<br />
---- Kamuanho dinge, papa-ué!<br />
Ao passarem pela ponte da Boavista, todo o mundo fechou<br />
o bico. Só se ouviam os peidos do Isuzu lá atrás. Um<br />
pouco mais adiante, ficava a ENCI-U.E.E., e lembrando-se<br />
disso, João Adérito Simões, filho de João Simões e de<br />
Constância Adérito, enfiou mais uma mudança. Qual não foi<br />
o seu espanto, quando um dos velhos pneus da frente,<br />
resolve furar mesmo ali, diante da empresa em que havia<br />
trabalhado!<br />
Parecia mentira, mas pela primeira vez na vida, Zito<br />
acreditou que um carro também tem sentimentos. Tem<br />
coração, tem aparelho digestivo, tem intestinos, tem<br />
ânus. Um carro, também raciocina...<br />
Ora, o Isuzu tivera simplesmente saudades da sua<br />
antiga residência, e resolveu apenas parar aí, para<br />
contempla-la por alguns momentos.<br />
Zito estava preocupado com os clientes. Não. Não tanto<br />
com eles, mas sobretudo com o dinheiro deles. E enquanto<br />
fazia a troca de pneus, Zito recordou-se da troca da<br />
moeda...<br />
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