o economista

Nunca até então ele tivera notado qualquer gesto
por parte das suas duas mulheres, que fosse contrário às
suas intenções, nem tão-pouco pensava que algum dia elas,
tão respeitosas, humildes e submissas que eram, pudessem
fazê-lo. Tal só acontecia, pensava ele, por estarem a
viver na cidade capital, onde viam muitas mulheres a
rebelarem-se contra os maridos, os filhos contra os
pais,e os jovens contra os velhos. Mas o que estava
oculto na reacção manifestada pelas duas mulheres, era,
segundo ele, o ciúme.
—— Esse que vucês está sentir sueu já sabe. ——
retrucava ele —— Mas as criente está fugire muito mbora
no ndona Mbia, aqui o kimbombo está xixilare bué, só o
kapuka está andare assi assi...
—— Ndexa astare! —— interrompeu a primeira mulher
—– ningué va morere cu a fome!
—— A nojo está tu judare. Um dia ndeujo vai judare
també, vucê vai ranjar a emprego, nojo també nu vai
parare... —— acrescentava a segunda mulher.
Passadas algumas semanas, Kizua veio à sua casa
visitá-lo, e tomando conhecimento da situação que ele
atravessava, propôs-lhe trabalharem juntos no fabrico
artesanal de cadeiras de fitas, ali à rua do Rei. A filha
primeira, Jingongo, já então uma adolescente, foi nomeada
para o lugar do pai, no atendimento da bebida, na
sequência da impossibilidade de Das Fitas continuar no
cargo, ou por ele querer talvez mostrar que um homem que
se preze, deve, depois do tempo suficientemente
necessário, deixar o lugar, o cargo e a cadeira aos
outros, resistindo à esse gosto e prazer quase que
instintivos que muitos estúpidos têm de perpetuar-se na
ocupação e na posse de algo que os outros, muitos, às
vezes bastante melhores, igualmente aspiram alcançar...
E como há coisas, tantas, melhor vistas pelos
olhos de estranhos, Jingongo afinal, tinha já muitos dos
requisitos físicos, que segundo a opinião do kota
Pelargon, eram indispensáveis como chamariz da clientela.
Tendo ela muitas amigas já igualmente bem crescidinhas
que iam passar parte do seu tempo em sua casa, muitos
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