o economista
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----Então Zito, ainda não é tarde?<br />
O colega imerso no seu fingido escabecear, todoouvidos,<br />
não ouviu a pergunta do colega, mas, num ápice,<br />
a esposa pulou da soneca em que parecia encontrar-se, do<br />
lado de lá da cortina, e veio à capital da casa<br />
estremecer o nosso colega.<br />
----Te perguntaram se ainda num é tardiê?…<br />
----Ãh?…<br />
Era Zito. Era o fim da farsa e da visita. Despediu-se<br />
do casal, sem deixar de notar um grande alívio na pessoa<br />
da mulher e registar a desculpa de o colega não puder<br />
acompanhá-lo, por não ter ainda recuperado a força dos<br />
pés…<br />
―----Qual é lá força dos pés! Tás mazê fobô!‖----<br />
pensou Zito.<br />
Cá fora, já a noite rondava. Após afastar-se à uns<br />
tantos metros da casa de Juca, sem mais nem menos, Zito<br />
fez meia-volta, aproximando-se novamente da mesma, em<br />
passo de gato. Da porta do quintal, pôde captar o barulho<br />
de tampas e muxoxos de mulher, a evadir-se de dentro. E<br />
no impasse de bater ou não a porta, viu no ecrã da sua<br />
mente, a mulher junto ao fogão, Juca faminto da vida,<br />
estirado numa cadeira de fitas, com as águas da boca a<br />
lhe escorrerem pelo peito abaixo.<br />
Um barulho de talheres a vir de dentro, fez com que<br />
optasse por bater na porta, não sem antes reunir à sua<br />
volta, os ares do maior assustado do mundo. Três batidas<br />
bem fortes racharam a porta, indo amortalhar a alma do<br />
casal, mormente no seu lado feminino, não tendo sequer<br />
tempo algum para esconder as panelas.<br />
---- Mas, quem é que stá bater assim essa hora??!----<br />
era a voz rude da mulher.<br />
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