o economista
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---- Então só vão trocar as moedas ?!! ----<br />
interrompeu Zito.<br />
A emoção era demasiada. Mais. Era geral. Era<br />
nacional, universal… No Miramar ou no Cafunfo, no<br />
Lobito ou na Lixeira, no Rangel ou na Catepa, todos os<br />
rádios estavam até ao máximo dos seus volumes. Quiçá,<br />
até nas fronteiras do Maiombe, nas do Cunene, e nas de<br />
todas as frentes de combate, os soldados estivessem<br />
dançando, e os inimigos, mesmo sem troca de tiros,<br />
morrendo de amargura e de desânimo.<br />
E são tão tristes a amargura e o desânimo! E<br />
nessa noite, eles entraram com tanta delicadeza, aos<br />
ouvidos de kamanguistas e candongueiros. Suspenderam<br />
relações sexuais, a conjugação de milhares de verbos. Dos<br />
verbos urinar e defecar. Levaram à morte cardíaca,<br />
grandes corações que por este mundo vegetavam. Eram<br />
corações grandes, embrulhados em glicoses e gorduras,<br />
carros e dólares e diamantes e ouros, suados pelas mãos<br />
dos pobres. Corações tão sujos e enormes, absurdamente<br />
enormes; absurdamente mortos por uma tão inofensiva<br />
notícia…<br />
Demasiada, era a emoção. E entre o barulho que havia<br />
em todos os lares e cantos e becos, da terra de Ngola<br />
Kiluanje Kia Samba, irrompia a voz de Santos Júnior…<br />
«Etu tuandala ku mona ó kitadi kia Ngola, ni polo<br />
ya Agostinho Neto eeh!…»<br />
---- Não, Zito. ---- prosseguia a prima---- Quando<br />
se fala em troca da moeda, quer dizer troca de todo o<br />
dinheiro. Das moedas e das notas.<br />
---- Ãh… Pensei que eram só as moe-das! ---exclamou<br />
Zito.<br />
O primo que até ali permanecia com os ouvidos mais<br />
grudados ao rádio que ao que se passava à sua volta,<br />
interromperia passados instantes:<br />
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