o economista

E coisa que nem esperava que o mandassem, foi sentarse
lá dentro ao pé da mesinha de ferro, que era o coração
da sala, dir-se-ia, a capital da casa: um quarto de
madeira, com mil-e-uma estrelas no zinco das chapas, e
com um pequeno quintal.
Enquanto aguardava, foi conversando com a esposa do
colega, que do outro extremo do quarto, preparava o matabicho.
Mas estava à quantas milhas do que falava!
Era certo que todo o seu pensamento estava escoltando
o que dali há pouco se haveria de anunciar. O colega já
nem pasmava, ao vislumbrar nele o alívio que não sabia
dissimular, quando o convidava a matambar.
Conjugaram o gerúndio do estreito e insípido matabicho,
e logo meteram-se à caminho do serviço.
No Bom-Escape, o relacionamento entre Zito e os
colegas, era óptimo, inverso do que havia entre ele e o
patronato, por ser dentre os trabalhadores, quem mais
apontava as dificuldades por que passavam. Tal, era o
suficiente para a boa reputação junto dos seus colegas, e
para a sua consequente colocação na antecâmara do olhoda-rua,
pelo senhor patrão.
Mas sabia tirar partido de todas as marés e nada lhe
impedia que não aproveitasse para se afogar de dívidas
sob a maré dos colegas. E quando metido no seu trabalho
ou onde quer que estivesse, desse conta da aproximação de
alguém à quem devesse, antecipava-se-lhe com alguma das
tantas chaladices que tão rapidamente sabia inventar,
levando a que o outro se esquecesse por completo de lhe
chatear, e até ia-se embora às gargalhadas.
Só mesmo quando Deus se lhe deparava é que o azar
acontecia, e aí, tinha de inventar doenças e roubos e
feitiços e óbitos que, coitado, só ele tinha sempre. Era
só ver o seu rosto para se não desacreditar.
Na manhã seguinte, ao passar pela casa do colega,
encontrou-o doente. Ficou extremamente triste e
aborrecido pelo facto. E rezou que o colega melhorasse o
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