o economista

perpétuo... Ninguém compraria mais sequer uma cadeira de
fitas de petróleo menos rijo, menos consistente,
mutável...
Os sinais dos últimos dias deste «sistema iníquo
de coisas» far-se-iam então sentir com mais acutilância
em todas as casas de todos os trabalhadores do mbongue.
Haveria fome, doenças, terramotos, maremotos,
celestemotos, numa casa após outra e em todas ao mesmo
tempo. Os filhos revoltar-se-iam contra os pais, as
mulheres contra os maridos, irmãos contra irmãos, seria
enfim, o fim da sociedade, seria o caos geral, seria... o
fim do mundo...
Com essa antevisão dos dias do futuro, decidiu que
ainda estava a tempo de tomar outras precauções. Tinha de
deixar o poder, a cadeira... De que lhe valeria manter-se
obcecado com a posse de algo para o qual havia já
evidências de que mais dias, menos dias o tempo se
encarregaria de lhe desapossar?...
... Era tempo para a Alternância do Poder...
Escrito em Luanda, entre a Petrangol e o São Pedro da Barra, de 05 de Dezembro de 2004 a 05 de
Janeiro de 2005
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