o economista

Juca havia tacitamente confiado que, enquanto retesse
o colega no quintal, à volta de juras e azares e o resto
à parte, a mulher iria aproveitar o compasso de tempo,
para voltar a esconder as panelas e desfazer rapidamente
a mesa. Mas a realidade era outra, ou seja, a mesma, o
que muito lhe surpreendeu.
À mulher, toda a representação do azarado era já
indiferente. Momice de macaco velho, com reflexo
condicionado à distância. E, ao invés de preocupar-se,
nem que fosse a fingir, com o azar do seu ―compadre‖,
serviu um prato para si, e a peidar favas e muxoxos, foi
enfiar-se para lá da cortina de mabela, fronteira entre a
capital da casa e o quarto, não sem antes fulminar o
compadre, com uma rancorosa olhada de estéril megera
indomável.
---- Vamos jantar?---- perguntou, quase sem vontade,
o colega.
Nisto, Zito fez tudo para fazer uma cara esquisita.
----Hum!, até nem me dá só mais vontade de comer…
---- Nem te dá mais vontade de comer… ---- arremedou
friamente o marido, enquanto uma arrogante tosse do tipo
tifóide, atravessava a cortina, vindo aterrar na mesa,
aonde encontravam-se já sentados os dois colegas.
Zito fez ouvido grosso à tosse da malangina, e
começou a servir-se. E a servir-se de que maneira!
---- Serve, Zito, serve mais!---- mandava Juca, vendo
o outro a servir-se exageradamente ---- ―Eu como capim…‖-
--- rematou, intimamente.
Zito construiu um morro do Môco de comida no seu
prato, antes de empurrar a maré-baixa restante ao dono da
comida e da casa. O seu coração estava em festa.
Nessa noite o colega melhorou, e na manhã seguinte,
lá foram os dois companheiros, lado a lado, rumo ao
serviço.
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