o economista
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aonde quisessem, e jamais diriam «estou ir em Luanda».<br />
Luanda era ali. Ali era Luanda, apesar das barrocas de<br />
lixo do Miramar ameaçarem o bairro e a baía, com os<br />
três estados físicos dos detritos da Civilização<br />
Humana. Apesar da cegueira dialéctica das chuvas<br />
lentamente soterrarem as casas do bairro e a linha<br />
férrea que por ali passava, com as areias sujas do<br />
Sambizanga e das suas barrocas.<br />
Zito, de quando em vez, gostava de ir às barrocas<br />
do Miramar. Não, para ver o mar ou o céu. Da baía<br />
também podia ver-se o mar e o céu, casarem no<br />
horizonte. Gostava de lá ir, para ver o «motocross»,<br />
apesar de este não ser então o que já havia sido em<br />
tempos idos...<br />
Numa calma tarde de domingo, Zito deslocou-se até<br />
lá para assistir à uma corrida de desanuviar.<br />
Motorizadas de todas as cilindradas estavam lá, e de<br />
igual modo pessoas de todos os lados.<br />
Ia a corrida para lá do meio, quando sem aviso nem<br />
licença...<br />
---- ...Um gajo aparece à minha frente a me<br />
perguntar onde é que eu andava!---- contava Zito ao um<br />
colega, dentro do seu gabinete.<br />
---- E você?---- interrogou o outro.<br />
----Eu fiquei sempre nas minhas … «você não é o<br />
Zito?», perguntava ele. Zito? Eu?! O camarada deve estar<br />
enganado! «Você não é o Zito, que trabalhou no Bom-<br />
Escape? Não conheceste lá um Juca?»…<br />
---- Mas o muadiê não estava a ver bem, ou quê? ---<br />
- interrompia o colega.<br />
---- Se não estava a ver bem?... A ver bem demais<br />
ele estava. Eu é que não queria vê-lo ali à minha<br />
frente.<br />
---- Então lhe conhecias?<br />
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