o economista
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nem sequer piscara. Ainda foi a tempo de ouvir o ―oh, que<br />
filho duma merda!‖.<br />
João Adérito engoliu bem. Quis lá saber! Passou o<br />
largo 1º de Maio, apanhou a Cónego Manuel das Neves,<br />
mercado do S.Paulo, e foi finalmente parar no mercado<br />
paralelo Ajuda Marido.<br />
---- Nunca mais vamos vir no teu carro. Olha só como é<br />
que a praça está já bem cheia! ---- reclamou-se uma das<br />
peixeiras.<br />
Zito nada respondeu. Recebeu o dinheiro e foi<br />
estacionar o Isuzu frente ao mercado do S. Paulo, para<br />
fazer a linha Luanda-Caxito, que diziam ser bastante<br />
―quente‖. E não tardou a ser aquecido pelos primeiros<br />
passageiros:<br />
---- Bom-dia, mano! ---- cumprimentava uma mais-velha<br />
----Não vai na Funda?<br />
---- Caxito! Caxito! ---- berrou João Simões.<br />
João Adérito Simões estava contente. E tinha motivos<br />
bastantes para tal. No seu íntimo porém, uma voz ---- não<br />
sabia se do coração ou da razão ---- lhe dizia que era<br />
arriscado nesse seu primeiro dia de trabalho, ir já tão<br />
longe, e ao demais, sem ajudante.<br />
Mas enquanto lutava com os seus pensamentos, o Isuzu<br />
afinal foi enchendo. Que culpa tinha ele?...<br />
Desceu do carro, para verificar se já podia arrancar.<br />
A carroceria estava completamente cheia, mas João Adérito<br />
Simões queria mais:<br />
---- Aí, esses cestos estão a ocupar lugar! Arrumá-los<br />
bem, senão as donas vão descer!<br />
E mais pessoas subiram para o Isuzu. Momentos depois,<br />
João Adérito Simões pôs a viatura em funcionamento,<br />
rumando para Caxito. Ao passarem pelo Campo da Revolução,<br />
foi contemplando de esguelha a paisagem marítima que se<br />
estendia à sua esquerda, e recordando-se da Boavista...<br />
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