o economista

---- Evita, vem só, vou te contar umas!---- chamava
uma bisbilhoteira.
A outra, apreensiva, aproximava-se e saudavam-se
batendo-se com as mãos, uma na da outra, enquanto
trocavam um olhar como que de cúmplices.
---- É o quê mesmo? ---- perguntava esta.
---- A coisa então, a menina fina, que não dá
confiança a ninguém, está grávida!
---- Quem?! A São?!... Dessa já eu sei!...
E era o mesmo diálogo nesta ou naquela casa. O assunto
era o mesmo, neste ou naqueloutro grupo de rapazes ou de
raparigas. Apesar de tudo, Marisa mantinha a cabeça
erguida, dir-se-ia indiferente à todas as metedices. Nem
à Alice deu vapores a ares de gracinhas, que presumia ela
já possuir. Outrossim, ao contrário do que muitos
igualmente esperavam, Marisa continuou a frequentar as
aulas, a ir ao cinema, e a fazer quase tudo o que
geralmente antes fazia.
Entretanto, pressionado pelos familiares dela, Zito,
acompanhado do primo e da esposa deste, compareceu logo
em casa de Marisa.
Na sala, Marisa e Zito sentados ante os seus
familiares, assemelhavam-se a uma ré e um réu aguardando
pela leitura das suas sentenças.
---- Então vamos lá ao que nos trouxe aqui ---- dizia
o pai de Marisa ---- Menina São, vai nos explicar como é
que esse vosso namoro está, quem é o responsável por essa
gravidez, enfim, explique-nos tudo. Hoje em dia vocês
decidem tudo à vossa maneira. Os pais não sabem com quem
andam metidas... ---- a voz do pai era de lágrimas ----
Enfim, não sei mais o que dizer...
Entretanto, desde que Zito havia se sentado naquela
sala, uma das senhoras, que parecia ser a mãe de Marisa,
não parava de lhe olhar. Na verdade, parecia haver algo
de suspeitoso naquilo, pois não obstante a boa ventilação
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