o economista
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E passou a noite inteira a chorar, a chorar e a pensar<br />
na desgraça em que caíra. Tivesse ela dado ouvidos ao que<br />
a prima lhe vinha dizendo e talvez viesse a saber<br />
exactamente com quem estava metida. «----<br />
Quimbandeiro!...»...<br />
Não sendo já possível o aborto, decidiu nessa mesma<br />
noite terminar o seu noivado com Zito, e aguardar até ao<br />
parto, para atirar-lhe à cara o seu rebentozinho de exquimbandeiro.<br />
Porém, de manhã ao contar a sua decisão à prima, esta<br />
dissuadiu-a que seria melhor, para que não restasse<br />
alguma memória, desfazer-se da criança tão logo nascesse.<br />
---- Desfazer-se como? ---- perguntou Marisa.<br />
---- Épa, fazer o que as pessoas por lógica têm<br />
feito. Sei lá... Eu no teu lugar punha o lixo desse homem<br />
imediatamente num contentor de lixo.<br />
---- O quê? Num contentor?! ---- interrogou Marisa,<br />
admirada com a ousadia da outra ---- Meter o meu filho<br />
num contentor?<br />
Alice permanecia calada, agora bastante surpreendida<br />
com a súbita mudança na pessoa da prima.<br />
---- Num contentor eu não vou meter o meu filho,<br />
porque ele não é lixo. Ele não terá culpa nenhuma de<br />
nascer. ---- Marisa ia ganhando uma expressa algo<br />
tresloucada ---- Ele vai nascer e vai viver! Terá um pai<br />
e uma mãe. Ele foi o que foi. Mas agora é o que é. É a<br />
pessoa que eu amo e continuarei a amar. Digam o que<br />
disserem sobre ele, mas deixar de lhe amar eu não vou<br />
deixar...<br />
Tudo quanto soube sobre Zito, guardou hermeticamente<br />
no esquecimento da sua memória. O tempo foi passando e<br />
enquanto isso, soube continuar com a cabeça erguida sem<br />
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