o economista

Minguilay, o outro gémeo, um grande nómada que
aparecia e desaparecia quando bem lhe dessem as pernas
tão longas que possuía, era quem se encontrava em casa.
Naquela azáfama de pega aqui, levanta ali, na quase
escuridão da noite dum bairro negro e pobre,
maioritariamente habitado por arremedo de pessoas, por
indivíduos socialmente descartáveis, aturdidas pelo
estado em que o marido se encontrava, nenhuma das duas
mulheres do primo-como-irmão do Interino pôde então
distinguir se ele era o trigo ou se era o joio, quando o
mais importante era salvar o pão delas de cada dia ali a
esvair-se de vida.
——E agora? —— perguntou Dosolho, estupefacto com
tudo o que lhe era dado ver e ouvir.
Encontravam-se já à caminho do posto de socorros.
Após um breve silêncio, Layguimin respondeu:
—— Bom, aqui ele não tem praticamente nada de
valor, eu também reparo mbora mos fogareiros à gás aqui
no bairro...
—— Ere Minguilay se nu vortare aqui cum dinhero,
eu vou viajar no Malange! —— disse enfurecida mana
Antonica.
E polemizando nisto e naquilo acabaram por chegar
ao posto de socorros, combinados entretanto a manter em
secreto o assunto dos duzentos dólares burlados, até que
o primo-como-irmão do Interino se desinterinasse da
doença de uma vez por todas.
Todavia, chegados no local, tudo indicava tudo
menos raio algum de luz mostrando grandes esperanças de
melhoria por parte do doente.
O enfermeiro, um jovem com a dentição de leite
ainda mal digerida, cercado de todos os meios
insuficientes para salvar Kizua, a mexer aqui, coçar ali
e a esfregar acolá, fez tudo o que estava ao seu alcance
para não mandar evacuar o doente para um hospital grande
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