o economista

era o viver de cada dia das pessoas. Esta, era a
lembrança que mais doía à consciência de mana Maria...
Porém, tão logo se levantasse, para retomar a
caminhada, a recordação de todos esses factos
desvaneciam-se da sua mente, para dar lugar ao rouco
pregão do peixe.
Os dias que restavam para permanecerem na casa
eram já bastante escassos para Das Fitas e sua família.
Mesmo após uma forte batida pelos arredores, com muitas
encomendas à mistura, Das Fitas não conseguiu encontrar
uma residência, um chimbeco ou algo que lhes valesse. No
auge da sua aflição, um anjo dos pobres desceu das nuvens
para recordá-lo que bem próximo dali muita gente estava a
levantar cabanas encostadas ao cercado de betão da linha
férrea.
Sem medir pernas, deslocou-se imediatamente para o
terreno, em missão de reconhecimento e recolha de
informações, e tendo constatado que a situação lhe era
favorável pôs logo em movimento tudo quanto era
necessário para o levantamento de uma cabana de chapas,
onde pudesse albergar a sua família.
Nesse tempo, a televisão, a rádio e o jornal,
estavam demasiado cansados e mesmo aborrecidos de todas
as semanas, meses, anos, transmitirem as entrevistas
sempre iguais e bonitas de que o comboio para a terra de
Das Fitas retomaria já o seu funcionamento hoje, amanhã,
depois de amanhã, no próximo mês, entrevistas sempre
acompanhadas com muita emoção, com muita ansiedade, dadas
talvez por quem pôde enfeitiçar o governo a gastar
milhões de barris de petróleo na construção desses muros
de betão que, graças à Deus tiveram a utilidade de
emprestarem uma parede às quatro que constituíam a nova
casa de Das Fitas, e de certamente colocar algumas
comissões de dinheiro verde das terras do tio Sam, nos
maduros e grandíssimos bolsos do entrevistado e nos de
raia mais grossa, escondida nos ficheiros ocultos do
subconsciente social.
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