o economista

Entretanto, todas as manhãs Zito continuava a receber
a senhora cujo filho tinha giba. O quimbandeiro parecia
satisfeito com o tratamento, pois quando friccionava o
petiz, este até gemia e peidava, enquanto com palavras
afáveis ia o quimbanda acariciando a mãe.
---- Está a ver, mana? Nem uma semana ainda fez, e a
coisa está já a desaparecer!…
Mas a senhora também possuía olhos que viam. Havia
quase uma semana que estava a ver, e a coisa sempre ali e
a não desaparecer. Pelo contrário, a cifose do miúdo
parecia ter crescido mais. Em casa do petiz, todos
partilhavam dessa opinião.
Sobre a cura do filho, já o marido tinha esgotado
toda a sua sagrada esperança. Onde é que ainda não haviam
ido? Quanto é que já não haviam gasto?…
---- Tudo! Porra, tudo! E o miúdo continua na mesma,
porra!---- dizia o marido exaltado.
Porém, no fundo de todo o seu aborrecimento e
exaltação, estava quiçá, outrossim, o facto do tratamento
do filho já havia um bom tempo, o privar de incendiar-se
no fogo de corpo que a mulher todos as noites, ia
abusivamente juntar à gasolina do seu.
E então, era impossível conter-se. Tentava imaginarse
sozinho no oceano da cama, mas a imaginação ia sempre
desaguar no fogo da mulher. Mexia-se, remexia-se, dizia
haver percevejo na cama, mas o que ele queria mesmo, era
mexer o percevejo grande que ao seu lado dormia.
Havia dois dias que não levava a mulher e o filho ao
tratamento. ―Já não me meto mais nisso.‖---- declarara.
Todavia, num sábado à tarde, sem o conhecimento da
mulher, resolveu ir ter com o quimbanda, no Bairro dos
Ossos.
Nesse dia, Zito havia acordado muito bem, apesar de
ter tido um sono intranquilo, com pessoas dos arredores e
do ultramar, a virem atacar a sua casa, cada uma
empunhando um enorme osso.
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