Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...
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(1886-1962), um dos maiores estudiosos da “lepra” no Brasil, sugeriu ao governo a compra <strong>de</strong><br />
ilhas para isolar os doentes. Ele argumentava que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1904 a “lepra” era doença <strong>de</strong><br />
notificação compulsória, mas até então o isolamento dos doentes era recomendado nos<br />
domicílios, não obrigatório, e o Estado não oferecia condições para que este se concretizasse<br />
<strong>de</strong> outra forma. Oswaldo Cruz criticava a hospitalização do “leproso”:<br />
“A hospitalização do leproso não é cousa exeqüível como medida profilática.<br />
A lepra é moléstia <strong>de</strong> longa duração, mata lentamente, mutilando aos poucos o<br />
indivíduo, <strong>de</strong>formando-o, e isto em <strong>de</strong>curso moroso, <strong>de</strong> 1 a 4 <strong>de</strong>cênios. No<br />
hospital, o leproso fica entregue à sua fatalida<strong>de</strong>, tratado como doentes,<br />
improdutivo, tendo como preocupação exclusiva a moléstia que o infelicita e<br />
os governos ver-se-iam sobrecarregados <strong>de</strong> colossal <strong>de</strong>spesa” (SANTOS,<br />
2006a).<br />
Em 1915, a Associação Médico-Cirurgica do Rio <strong>de</strong> Janeiro organizou a “Comissão <strong>de</strong><br />
Profilaxia da Lepra”, cujos trabalhos, concluídos em 1919, apontavam o isolamento<br />
compulsório em instituições próprias, e o domiciliar, em casos específicos; eles sugeriam a<br />
criação <strong>de</strong> colônias agrícolas com condições apropriadas para a segregação dos doentes, além<br />
<strong>de</strong> medidas para impedir os casamentos envolvendo as vítimas da doença, a proibição da<br />
entrada <strong>de</strong> imigrantes com “lepra”, o veto ao comércio <strong>de</strong> produtos industriais ou agrícolas<br />
manipulados por doentes (excetuados <strong>de</strong>stinados ao consumo próprio nas colônias), assim<br />
como à oferta <strong>de</strong> trabalho aos doentes. Além <strong>de</strong> reafirmar a importância da notificação<br />
compulsória, a comissão recomendava medidas para evitar o êxodo <strong>de</strong> doentes pelo país.<br />
Porém, SANTOS (2006) <strong>de</strong>staca que nas primeiras décadas do milênio passado a “lepra”,<br />
assim como a tuberculose, não teve gran<strong>de</strong> cobertura como doença ameaçadora, por não se<br />
manifestar <strong>de</strong> forma epidêmica. MACIEL (2007) relata que membros da Aca<strong>de</strong>mia Nacional<br />
<strong>de</strong> Medicina criaram em 1917 uma Comissão para “indicar as medidas médicas e higiênicas<br />
<strong>de</strong>stinadas ao saneamento da população brasileira”, cujo relatório final foi encaminhado ao<br />
Presi<strong>de</strong>nte da República. O documento <strong>de</strong>screvia o estado da Saú<strong>de</strong> Pública naquele momento<br />
e as ações necessárias, propondo a criação <strong>de</strong> um Ministério da Saú<strong>de</strong> Pública, com<br />
autonomia e recursos, mas a “lepra” não apareceria na agenda estratégica <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> do país.<br />
Ali, as doenças priorizadas foram: malária, ancilostomose, leishmaniose, doença <strong>de</strong> Chagas,<br />
febre amarela e sífilis.<br />
do óleo da Chaulmoogra, bem como formulações a base <strong>de</strong> mercuriocromo, azul <strong>de</strong> metileno, salvarsal e<br />
estriquinina. (MACIEL, 2007). Chegou a ser indicado pelo interventor <strong>de</strong> Getúlio Vargas (João Alberto Lins <strong>de</strong><br />
Barros) para a Inspetoria <strong>de</strong> Profilaxia da Lepra paulista, mas como estava na Europa, Salles Gomes ocupou seu<br />
lugar. (MONTEIRO, 2003). Publicou inúmeros 3 artigos acerca da doença no Brasil, um artigo acerca da “lepra”<br />
nas Américas, além <strong>de</strong> vários estudos sobre tratamento, tentativa <strong>de</strong> cultura do bacilo e relato <strong>de</strong> casos, além <strong>de</strong><br />
ser um dos autores brasileiros com maior número <strong>de</strong> publicações sobre o tema em Periódicos internacionais.<br />
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