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Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...

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Trata-se, finalmente, <strong>de</strong> uma doença da <strong>de</strong>sinformação, já que é plenamente curável, mas suas<br />

conseqüências estão diretamente ligadas ao diagnóstico precoce e ao tratamento a<strong>de</strong>quado,<br />

baseado em uma poliquimioterapia <strong>de</strong> uso prolongado e por isto cercada <strong>de</strong> falhas <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são.<br />

CARVALHO (2004) aponta que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os tempos bíblicos a “lepra” era, <strong>de</strong>ntre todas as<br />

enfermida<strong>de</strong>s “conhecidas”, a única doença grave que não se curava e nem matava. Segundo<br />

ele:<br />

“em sua evolução natural, o mal arrasta-se numa lenta e inexorável progressão,<br />

provocando as mais sérias <strong>de</strong>formida<strong>de</strong>s e mutilações, mas dificilmente leva à<br />

morte do portador (...) Além <strong>de</strong> se propagar sem controle, agarrava-se à sua<br />

vítima, <strong>de</strong>formando-a e mutilando-a, causando horror e repulsa, mas permitia<br />

que ela vivesse o quanto tivesse que viver, pois só morreria quando a sorte a<br />

premiasse com alguma doença letal intercorrente ou com algum aci<strong>de</strong>nte. O<br />

doente morreria com lepra, mas não <strong>de</strong> lepra.” (CARVALHO, 2004, p.4)<br />

DINIZ (1961) se referiu a ela como uma “doença em câmara lenta”, que<br />

“Solertemente se instala, se <strong>de</strong>senvolve e progri<strong>de</strong> no organismo humano (...),<br />

impedindo freqüentemente que um mesmo observador possa registrar, em um<br />

mesmo indivíduo, a totalida<strong>de</strong> das várias fases, pois para tal careceria <strong>de</strong><br />

muitos anos <strong>de</strong> espera. (...) para que essas infecções se transformem em doença<br />

é exigido que <strong>de</strong>corra um espaço <strong>de</strong> tempo que-dura, em média, <strong>de</strong> 3 a 5 anos<br />

(mas que po<strong>de</strong> atingir limites mais extensos, <strong>de</strong> <strong>de</strong>z, quinze, vinte ou mais<br />

anos). É o que se <strong>de</strong>nomina tempo <strong>de</strong> incubação. Depois se vão instalando, aos<br />

poucos, os primeiros sinais da doença que prossegue evoluindo vagarosamente,<br />

quase que imperceptivelmente, durante anos. Feito o diagnóstico e instituído o<br />

tratamento a<strong>de</strong>quado, começa então a regressão dos sintomas clínicos, sempre<br />

<strong>de</strong> modo discreto, gastando-se em média três anos para que <strong>de</strong>sapareçam e para<br />

que se verifique a negativação dos exames <strong>de</strong> laboratório. Os leprólogos, em<br />

seu habitual cepticismo, exigem então que os doentes permaneçam ainda em<br />

observação durante doze meses submetidos a reexames clínicos e laboratoriais<br />

mensais. Após esse prazo conce<strong>de</strong>-se ao paciente licença para sair do<br />

Leprocômio e continuar o tratamento em Dispensário. Aí permanece pelo<br />

longo espaço <strong>de</strong> três anos, quando então recebe alta provisória. Mais três anos<br />

<strong>de</strong> observação mitigada vão então permitir a concessão da alta <strong>de</strong>finitiva. (...)<br />

Significa que cerca <strong>de</strong> dois <strong>de</strong>cênios são necessários, em média, para que se<br />

solucione cada caso ! Uma existência perdida!” (DINIZ, 1961, p. 45-6)<br />

Assim, a hanseníase só po<strong>de</strong> ser compreendida e abordada se consi<strong>de</strong>rada em suas dimensões<br />

social, religiosa, histórica, e sob a influência do estigma e das crenças.<br />

A Educação em Saú<strong>de</strong> é uma área do conhecimento que apresenta um rol privilegiado <strong>de</strong><br />

tecnologias e conhecimentos que po<strong>de</strong>m oferecer uma visão completa e holística da doença.<br />

Somente uma abordagem que comporte uma análise quantitativa da magnitu<strong>de</strong> da doença,<br />

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