17.04.2013 Views

Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...

Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...

Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

“doença” Kushta foi <strong>de</strong>scrita com habilida<strong>de</strong> observacional e diagnóstica “impressionantes”,<br />

diferenciando-a do vitiligo, como doença que afetava a pele do dorso e as extremida<strong>de</strong>s.<br />

Entretanto, ROBINS et al (2009) <strong>de</strong>screvem um esqueleto com ida<strong>de</strong> entre 2500 e 2000 a.C.<br />

encontrado na localida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Balathal, no estado contemporâneo <strong>de</strong> Rajasthan, Índia, cuja<br />

avaliação antropológica revela uma síndrome rinomaxilar e sinais <strong>de</strong> infecção bilateral no<br />

esplancnocrânio, mudanças especificamente associadas à hanseníase virchowiana, com<br />

“evidência inequívoca” da doença. Eles relacionam o termo kushtha em sânscrito a uma<br />

“planta”, utilizada para tratar a hanseníase e tuberculose (rajayaksma), <strong>de</strong>scrita no Atharva<br />

Veda à mesma época da ida<strong>de</strong> presumida do esqueleto estudado. Assim, esta seria também a<br />

primeira <strong>de</strong>scrição relacionar as duas doenças, ao menos em termos <strong>de</strong> um tratamento<br />

comum.<br />

‘‘Born by night art thou, O plant, dark, black, sable. Do thou,<br />

that art rich in colour, stain this leprosy, and the grey spots!<br />

…The leprosy which has originated in the bones, and that<br />

which has originated in the body and upon the skin, the white<br />

mark begotten of corruption, I have <strong>de</strong>stroyed with my charm.’’<br />

(Atharva Veda p. 19 apud ROBINS et al 2009).<br />

A fonte inicial e as rotas <strong>de</strong> transmissão pré-históricas da “lepra” tampouco são unânimes,<br />

sendo por muito tempo atribuídas ao Velho Mundo. Recaem sobre as três civilizações mais<br />

antigas da humanida<strong>de</strong> – indiana, egípcia e hebréia – as suposições. Os relatos antigos e os<br />

sinais da doença em esqueletos indianos e múmias egípcias são fonte <strong>de</strong> controvérsia, e a<br />

probabilida<strong>de</strong> mais aceita é que a “lepra” tenha se originado no subcontinente indiano, e<br />

introduzida na Europa pelas tropas <strong>de</strong> Alexandre, o Gran<strong>de</strong>. Outra possibilida<strong>de</strong> seria a <strong>de</strong><br />

duas correntes da doença: asiática e africana. (MONOT et al, 2005).<br />

A análise <strong>de</strong> polimorfismos raros em nucleotí<strong>de</strong>os simples <strong>de</strong> amostras do M. Leprae<br />

i<strong>de</strong>ntificou duas linhagens diferentes do bacilo, segregadas na Ásia (principalmente tipo I) e<br />

África oriental (Tipo II). Devido à baixa freqüência da linhagem do tipo II na Ásia, e sua<br />

freqüência elevada na África Oriental, MONOT et al (2005) sugerem um cenário para a<br />

origem da hanseníase em que o tipo II teria evoluído primeiro na África Oriental (antes <strong>de</strong><br />

40.000 aC) e mais tar<strong>de</strong> transmitida para a Ásia (on<strong>de</strong> o Tipo I acabou prevalecendo) e<br />

Europa (evoluindo posteriormente para Tipo III), que também é comum na África Oci<strong>de</strong>ntal e<br />

nas Américas <strong>de</strong>vido a colonização européia. Outra possibilida<strong>de</strong> seria a linhagem do tipo II<br />

ter evoluído a partir do tipo I na própria Ásia mais recentemente, e <strong>de</strong> lá transmitida para<br />

África e Europa.<br />

25

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!