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Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...

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“A arma mais po<strong>de</strong>rosa <strong>de</strong> que costumam lançar mão os internados para fuga<br />

ou para as frau<strong>de</strong>s, é sem dú<strong>vida</strong>, o dinheiro. Nos leprosários mo<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> que<br />

Santa Izabel é padrão, a liberda<strong>de</strong> dos doentes atinge vastos limites.(...) Em<br />

Santa Izabel procuramos resolver o momentoso problema, mandando imprimir<br />

vales privativos á circulação interna, indo esses valores <strong>de</strong> $200 a 5$000, tendo<br />

circulação forçada na Colônia. Recebido qualquer importância <strong>de</strong>stinada aos<br />

doentes, a Administração proce<strong>de</strong> ao cambio: <strong>de</strong>posita em cofre o dinheiro<br />

bom e emite vales no valor correspon<strong>de</strong>nte.” (Orestes Diniz. “Nota sobre a<br />

Epi<strong>de</strong>miologia da Lepra Familiar em Minas Gerais”. In: CARVALHO, 2008,<br />

p.129)<br />

Um <strong>de</strong>poimento colhido em documentário acerca da Colônia ilustra:<br />

“porque aqui era como se fosse uma cida<strong>de</strong>, tinha tudo quanto há. Tinha<br />

comércio, tinha tudo quanto... tudo tudo tudo.... né... era uma cida<strong>de</strong> em<br />

miniatura. Tinha o prefeito né? Tinha o diretor da Colônia que era o<br />

mandachuva Aqui era consi<strong>de</strong>rado como se fosse um país. As leis aqui eram<br />

feitas pelo diretor da colônia. Ele era o mandachuva, ele mandava e<br />

<strong>de</strong>smandava.” (...) “então a gente ficou muito doente, e eu fui parar ali on<strong>de</strong><br />

tem aquelas ruínas....”(José André Vicente, ex-interno In: Instituto J Andra<strong>de</strong>,<br />

s/d).<br />

Em todas as colônias do país existia uma “zona sadia”, on<strong>de</strong> moravam os trabalhadores nãoportadores<br />

<strong>de</strong> hanseníase; em Santa Izabel chamava-se “Saú<strong>de</strong>”, on<strong>de</strong> ficavam a Casa dos<br />

Médicos, o Laboratório, a padaria e os Correios. (FIGUEIREDO, 2005).<br />

A partir do primeiro ano, as internações foram regulares. Durante os anos <strong>de</strong> 1933 a 1947,<br />

exceto para os hansenianos “loucos e criminosos” que eram internados no Hospital <strong>de</strong> Lázaros<br />

<strong>de</strong> Sabará, a CSI foi o local <strong>de</strong> referência para a doença, sendo internada uma média <strong>de</strong> 445<br />

doentes por ano. (ALEIXO & HORTA, 1948)<br />

Minas Gerais se constituía numa exceção nacional, com ati<strong>vida</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> estatística realizadas <strong>de</strong><br />

maneira efetiva e regular. (MACIEL, 2007) O número <strong>de</strong> doentes no Estado, como em todo<br />

país, elevava-se. Na estatística <strong>de</strong> Gustavo Capanema havia um total estimado <strong>de</strong> 8.690<br />

doentes. António Aleixo, em resposta a questionamento <strong>de</strong> SOUZA-ARAÚJO (1937) em 22<br />

<strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 1937, informou estarem fichados 2.425 leprosos no Estado e isolados 1.140,<br />

que, “aplicando-se a regra <strong>de</strong> Denny” (2.425x5=12.125) elevaria ao número <strong>de</strong> 12.125 como<br />

uma estimativa otimista. Naquele ano, Santa Izabel chegou a abrigar cerca <strong>de</strong> 3.886 pacientes;<br />

as condições da época levaram muitos <strong>de</strong>les ao suicídio. (MORHAN 2006).<br />

A CSI, como primeiro hospital tipo colônia no Estado <strong>de</strong> Minas Gerais, recebia a princípio<br />

doentes sob a forma Lepromatosa avançada (L3). Com o tempo, a vigilância dos<br />

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