Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...
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3.1.2 Breve história da <strong>Hanseníase</strong> no mundo<br />
A hanseníase difun<strong>de</strong>-se no Oci<strong>de</strong>nte a partir do CC Império Romano, com focos oriundos do<br />
Oriente limítrofe (DUCATTI, 2009). As guerras foram gran<strong>de</strong>s disseminadoras da doença na<br />
Europa. Mesmo antes do período bíblico, entre 327 e 326 a.C., atribui-se às tropas <strong>de</strong><br />
Alexandre Magno em incursão ao Egito a introdução da doença na Grécia, on<strong>de</strong> seria<br />
conhecida como elefantíase. Em 62 a.C. Plínio, o Velho, atribui aos soldados do exército <strong>de</strong><br />
Pompeu, após uma incursão à Ásia Menor, a introdução da “lepra” na Itália. (CARVALHO,<br />
2006; BROWNE, 1985)<br />
ROBBINS et al (2009) ressaltam a <strong>de</strong>talhada documentação da doença em coleções <strong>de</strong><br />
esqueletos medievais europeus, estimando que asilos para “leprosos” foram estabelecidos por<br />
volta do século VII na França. Entretanto CARVALHO (2006) afirma que já em 460 d.C. foi<br />
construído em Saint Ouen o primeiro Leprosário da França, provavelmente o primeiro da<br />
Europa. Para MACIEL (2007) as primeiras casas <strong>de</strong> “leprosos” na França já existiam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />
século VI, pon<strong>de</strong>rando que a literatura histórica sobre a “lepra” na Ida<strong>de</strong> Média provém <strong>de</strong>ste<br />
período. A Bíblia <strong>de</strong>screve a segregação dos “leprosos” <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a passagem <strong>de</strong> Cristo, mas não<br />
se refere à presença <strong>de</strong> Leprosários:<br />
11 Sempre em caminho para Jerusalém, Jesus passava pelos confins da<br />
Samaria e da Galiléia. 12 Ao entrar numa al<strong>de</strong>ia, vieram-lhe ao encontro <strong>de</strong>z<br />
leprosos, que pararam ao longe e elevaram a voz, clamando: 13 Jesus, Mestre,<br />
tem compaixão <strong>de</strong> nós! 14 Jesus viu-os e disse-lhes: I<strong>de</strong>, mostrai-vos ao<br />
sacerdote. E quando eles iam andando, ficaram curados. (Lucas, capítulo 17,<br />
versículos 11 a 14).<br />
Segundo MACIEL (2007), apesar das escavações arqueológicas encontrarem crânios com<br />
sinais da doença no século VI, não se po<strong>de</strong> afirmar que já havia uma en<strong>de</strong>mia da “lepra”.<br />
DUCATTI (2009) discorda, citando que a doença fixou-se na Europa entre os séculos VI e<br />
VII d.C. “com níveis <strong>de</strong> en<strong>de</strong>micida<strong>de</strong> bastante comparáveis com os que se encontram hoje na<br />
América Latina ou no Sudoeste Asiático”. Des<strong>de</strong> a Ida<strong>de</strong> Média até os séculos XII e XIII a<br />
doença, consi<strong>de</strong>rada "vulgar”, esteve presente em países como França, com o signo do horror<br />
construído principalmente pela cultura judaico-cristã (MACIEL, 2007). A en<strong>de</strong>mia teria<br />
durado entre doze e quinze séculos na Europa.<br />
A Igreja manteve, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primeiros séculos, especial “atenção” aos doentes. Em 314 d.C.,<br />
uma reunião do Concílio regional <strong>de</strong> Ancyra <strong>de</strong>clara os “leprosos” impuros <strong>de</strong> corpo e alma.<br />
Já em 325 o primeiro concílio ecumênico <strong>de</strong> Nicéia toma medidas para limitar a prática <strong>de</strong><br />
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