Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...
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“A Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Defesa Contra Lepra, <strong>de</strong> Belo-Horizonte, doou instrumentos<br />
para uma orquestra. Formada esta, realizou-se o primeiro baile. Seguido <strong>de</strong><br />
muitos outros. As sras. dos professores Antônio Aleixo e Francisco Brant<br />
facilitaram a organização do primeiro carnaval, oferecendo aos colonos<br />
serpentinas e confetis (...) Em seguida foram fundados os Clubes Recreativos<br />
‘Fortunato Carcavalli’ e ‘Santa-Izabel Futebol Clube’ (...) Uma procissão<br />
percorreu as ruas da Colônia, recebendo a linda imagem <strong>de</strong> Santa Izabel,<br />
dádiva da Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Defesa Contra a Lepra, <strong>de</strong> Belo-Horizonte (...)<br />
‘Pavilhão <strong>de</strong> Diversões’, ou melhor, ‘Pavilhão <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora’, encargo<br />
relevante que a Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Defesa Contra a Lepra <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora tomou a<br />
si.” (DINIZ, 1933, p.82).<br />
O aspecto cultural foi enfatizado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primeiros anos, com a construção <strong>de</strong> campo <strong>de</strong><br />
futebol, quadras, cinema, escola, oficinas <strong>de</strong> artes, teatro, salão <strong>de</strong> bailes, igrejas, aca<strong>de</strong>mia<br />
musical, praças, comércios (FIGUEIREDO, 2005).<br />
A estrutura montada para as Colônias incentivava o trabalho. Destacaram-se as ati<strong>vida</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
Lavoura e Criação, como uma das principais preocupações:<br />
“De um lado porque cerca <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> dos internados, formada <strong>de</strong> lavradores,<br />
aqui vem encontrar os mesmos hábitos <strong>de</strong> trabalhos a que já se acha afeiçoado;<br />
<strong>de</strong> outro lado porque o cultivo das terras e da criação po<strong>de</strong> a Colônia, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />
algum tempo <strong>de</strong> trabalho bem orientado, produzir quase todo o necessário ao<br />
sustento dos internados” (DINIZ 1933, p.87).<br />
A CSI criou ati<strong>vida</strong><strong>de</strong>s sociais, num primeiro momento, e em seguida, incorporou também<br />
uma concepção <strong>de</strong> laborterapia, para evitar a ociosida<strong>de</strong> dos doentes. Aliado a essa situação<br />
havia também ”o temor <strong>de</strong> trabalhadores ‘sadios’ irem para o local e contraírem a doença,<br />
reforçando a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra dos doentes, inicialmente, através <strong>de</strong> bolsas <strong>de</strong><br />
trabalho” (SILVA & MARES, 2004) e, apesar <strong>de</strong> toda estrutura oferecida, o Estado não<br />
conseguiu contratar trabalhadores para fazer o serviço interno das colônias. Assim, os<br />
pacientes assumiram quase todas as funções: enfermagem, limpeza, construções,<br />
administração e segurança. (FIGUEIREDO, 2005).<br />
Santa Izabel era auto-suficiente, com a infra-estrutura <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong> bem planejada, para<br />
evitar o contato com o “mundo exterior”. Foram instalados geradores <strong>de</strong> energia, saneamento<br />
básico, seguranças (policiais e <strong>de</strong>legados constituídos entre os próprios internos), prefeitura<br />
(intendência), associações, cooperativa, entida<strong>de</strong>s beneficentes e igrejas, hospital,<br />
ambulatórios, fábricas <strong>de</strong> tijolos e telhas, serralherias, pocilgas, hortas e pomares.<br />
(FIGUEIREDO, 2005). A Colônia chegou a ter dinheiro próprio (“Boró”), que funcionava<br />
como um mecanismo para evitar fugas (JORNAL EM FOCO CIDADANIA, 2010):<br />
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