Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...
Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...
Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
domínio da en<strong>de</strong>mia (MACIEL, 2007). Com foco no triplo problema profilático, assistencial e<br />
social, o piloto fluminense foi feito em várias unida<strong>de</strong>s sanitárias generalistas, e com a<br />
experiência daqueles leprologistas adquirida com os censos da década <strong>de</strong> 40 e o conhecimento<br />
da realida<strong>de</strong> local.<br />
É interessante verificar como o piloto aponta no sentido da acessibilida<strong>de</strong>, da hierarquização,<br />
<strong>de</strong>scentralização e regionalização <strong>de</strong> serviços, típicos da atenção primária, que já havia sido<br />
sugerida como reorganizadora dos sistemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pelo Lord inglês Bertrand Edward<br />
Dawson (1864–1945) na década <strong>de</strong> 1920, e adotada pela Inglaterra a seguir (SAVASSI,<br />
2009): para realizar o diagnóstico situacional – medida inicial da campanha – os leprologistas<br />
residiam nas áreas sob sua responsabilida<strong>de</strong>, junto a um generalista e um inspetor sanitário, e<br />
faziam busca ativa, visitas domiciliares a doentes e comunicantes, elucidavam casos<br />
duvidosos e exerciam o papel <strong>de</strong> referência técnica para os generalistas. Estes, por sua vez,<br />
realizavam a i<strong>de</strong>ntificação, reexame e tratamento do doente e dos comunicantes, bem como o<br />
primeiro exame dos “<strong>de</strong>nunciados” (o que foi chamado <strong>de</strong> “tarefa <strong>de</strong> natureza estática”). Ao<br />
inspetor sanitário, geralmente um morador local conhecedor da região, cabia provi<strong>de</strong>nciar o<br />
comparecimento dos “<strong>de</strong>nunciados”. MACIEL (2007) relata que já nesta época havia maior<br />
preocupação com adultos jovens e menores <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, consi<strong>de</strong>rados “a porta <strong>de</strong> entrada da<br />
doença na socieda<strong>de</strong>”. O piloto atingiu 95,7% dos casos e 81,3% dos comunicantes, embora<br />
não tenha conseguido resultados expressivos na realização da lepromina-reação e da<br />
vacinação com BCG. Mostrou-se uma campanha exeqüível, mas em uma escala menor do que<br />
a <strong>de</strong> um país continental, e sob condições quase i<strong>de</strong>ais. (MACIEL, 2007). A campanha<br />
nacional começaria efetivamente somente em 1959.<br />
Em 1956, ao início do governo do médico Juscelino Kubitschek <strong>de</strong> Oliveira (1902-1976), o<br />
leprologista Orestes Diniz 56 (1902-1966) assumiu a direção do SNL elegendo a CNCL a<br />
priorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua gestão. Ele contava com o apoio <strong>de</strong> Juscelino Kubitchek, do Ministro da<br />
Saú<strong>de</strong> Maurício Campos <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros (1885-1966) e <strong>de</strong> Mário Pinotti (1894-1972), do<br />
Departamento Nacional <strong>de</strong> En<strong>de</strong>mias Rurais, que era um crítico do mo<strong>de</strong>lo tripé. O governo<br />
JK vivia o “otimismo <strong>de</strong>senvolvimentista”, do lema “50 anos em 5” e foco na interiorização e<br />
mo<strong>de</strong>rnização, com amplo apoio militar e popular.<br />
56 Orestes Diniz fora diretor da Casa <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Santa Izabel, e um dos gran<strong>de</strong>s nomes da leprologia mineira. Sua<br />
proximida<strong>de</strong> com JK foi fundamental para sua indicação para o cargo <strong>de</strong> diretor do SNL<br />
131