Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...
Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...
Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Em janeiro <strong>de</strong> 1940, a colônia Santa Isabel, tinha 980 internos, e São Paulo e Minas Gerais<br />
seriam os únicos a consolidar o censo leprológico e os inquéritos epi<strong>de</strong>miológicos. O Serviço<br />
<strong>de</strong> Profilaxia da Lepra mineiro dirigido por Orestes Diniz dividiu o Estado em 4 gran<strong>de</strong>s<br />
regiões: <strong>Centro</strong>-Norte, Sul, Leste e Oeste-Triângulo, com 80 doentes internados no “Hospital<br />
<strong>de</strong> Lázaros” <strong>de</strong> Sabará, constituídos pelos hansenianos sentenciados, alienados e<br />
indisciplinados, e 1955 internos na Colônia Santa Isabel. Somente naquele ano foram fichados<br />
1753 novos casos, contra 1464 em 1939 (MACIEL 2007, SANTOS 2006).<br />
Minas sempre teve <strong>de</strong>staque na área da leprologia científica, sendo politicamente importante<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da República, especialmente após 1930. Possuía uma estrutura <strong>de</strong> isolamento<br />
consolidada e “nos mol<strong>de</strong>s <strong>de</strong> instituições cientificamente criadas, com preocupações que<br />
refletiam o cuidado com a doença <strong>de</strong> acordo com mo<strong>de</strong>rnos preceitos médicos” No inicio da<br />
década, a “escola leprologista mineira” criou o segundo periódico nacional da área <strong>de</strong><br />
leprologia: o Archivos Mineiros <strong>de</strong> Leprologia pelas mãos <strong>de</strong> Orestes Diniz, Olinto Orsini,<br />
António Aleixo. Abrahâo Salomão e José Mariano, que trabalhavam nos Leprosários do<br />
Estado. Lançado em janeiro <strong>de</strong> 1941, manteve periodicida<strong>de</strong> trimestral até 1962, publicando<br />
artigos originais, notícias, legislação, relatórios e resenhas (MACIEL, 2007).<br />
Minas Gerais tinha o segundo maior número <strong>de</strong> leprologistas (21, contra 77 paulistas) sendo<br />
um dos primeiros estados a realizar pesquisa básica somada às ações <strong>de</strong> profilaxia. Assim, seu<br />
“armamento anti-leprótico” possuía um <strong>Centro</strong> <strong>de</strong> Estudos contra a Lepra e um Serviço <strong>de</strong><br />
Profilaxia da Lepra que formavam o Serviço <strong>de</strong> Defesa contra a Lepra (criado em 1937). Os<br />
dispensários funcionavam com uma unida<strong>de</strong> fixa na capital e foi estado pioneiro a ter os<br />
dispensários itinerantes que dispunham <strong>de</strong> um médico e um auxiliar, e visitavam as<br />
localida<strong>de</strong>s do interior realizando as ações <strong>de</strong> combate à doença . Os dispensários itinerantes<br />
contavam com uma estrutura <strong>de</strong> apoio composta pelos vagões da chamada “Re<strong>de</strong> Mineira <strong>de</strong><br />
Viação para Leprosos”, que funcionavam recolhendo os doentes, <strong>de</strong>pois do diagnóstico<br />
recebido pelo profissional que visitava a cida<strong>de</strong> (CARVALHO 2008, MACIEL 2007).<br />
ALEIXO & HORTA (1948) investigaram a mortalida<strong>de</strong> na CSSI entre 1932 e 1947: a forma<br />
lepromatosa teve coeficiente <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 43,69% contra 25,84% da tuberculói<strong>de</strong> e<br />
19,54% da forma incaracterística. Para os internados, <strong>de</strong>ntro do prazo máximo <strong>de</strong> 17 a 25<br />
anos, o coeficiente <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> seria <strong>de</strong> 100%, o que correspondia, portanto, à duração da<br />
<strong>vida</strong> do hanseniano na CSI. Os autores compararam a expectativa <strong>de</strong> <strong>vida</strong> dos internos com a<br />
82