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Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...

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colônias não quiseram e não podiam <strong>de</strong>ixar o espaço asilar no qual foram retidos durante<br />

vários anos. CRUZ (1968) ilustra bem a preocupação com os pacientes, que se tornaram<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes dos hospitais colônia:<br />

“the future of the patient in the <strong>de</strong>rmatological hospital, or better yet, the expatient<br />

who has theoretically been cured but who, because of his age,<br />

<strong>de</strong>formities, insensibility, or psychological stigmatization caused by the<br />

disease, continues to live at the hospital and <strong>de</strong>pends completely on the state<br />

for his welfare. These are people who have cut all ties with their home<br />

communities and normal lives as a result of the passing of time, the disease,<br />

and treatment methods of the past. They are not candidates for a rehabilitation<br />

program. They are truely incapacitated. They do not need, at least primarily,<br />

the specialized medical assistance of a hospital.” (CRUZ, 1968, p. )<br />

Os Leprosários eram distantes dos centros urbanos, via <strong>de</strong> regra circundados por um cinturão<br />

<strong>de</strong> pobreza constituído pelas casas <strong>de</strong> familiares dos doentes internados, que não aceitaram<br />

viver longe <strong>de</strong> seus pares, e se mudaram para o entorno, geralmente sem condições sanitárias<br />

e urbanas presentes (DINIZ, 1961). Também as crianças, ao saírem do Preventorio, estavam<br />

totalmente <strong>de</strong>spreparadas para viver fora <strong>de</strong> seus muros (MONTEIRO, 1998). Na maioria dos<br />

casos, os ex-internos não tinham preparo psicológico para lidar com a própria doença, já<br />

curada, diante do não portador, e mesmo os que apren<strong>de</strong>ram e <strong>de</strong>senvolveram ofícios<br />

profissionalizantes não conseguiam sua assimilação pelo mercado <strong>de</strong> trabalho. Esta<br />

dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> encontrar trabalho <strong>de</strong>ve-se a dois fatores: primeiro os hansenianos muitas vezes<br />

estavam em um estágio avançado <strong>de</strong> comprometimento dos membros (superiores e<br />

inferiores), limitando o <strong>de</strong>sempenho que sua força <strong>de</strong> trabalho especial po<strong>de</strong>ria oferecer;<br />

segundo, o preconceito que a maioria dos não hansenianos, <strong>de</strong>sprovidos <strong>de</strong> informações<br />

científicas sobre a doença, teriam em relação ao egresso, “contaminador em potencial <strong>de</strong> uma<br />

doença <strong>de</strong>generativa” (DUCATTI, 2009).<br />

A hanseníase, entretanto, “nasceria” como doença ambulatorial com medicamento apropriado<br />

<strong>de</strong> fácil administracao e sem isolamento associado, embora com os mesmos <strong>de</strong>safios<br />

seculares, ou seja, diagnostico precoce, a<strong>de</strong>são ao tratamento e diagnóstico clínico correto. A<br />

doença permaneceria amplamente ligada a fatores <strong>de</strong> renda, higiene, educacao e saneamento,<br />

e ao investimento em prevenção (MACIEL, 2007).<br />

Em 1981 surgiria o Movimento <strong>de</strong> Reintegração das Pessoas Atingidas pela <strong>Hanseníase</strong><br />

(MORHAN), entida<strong>de</strong> sem fins lucrativos, fundada em 6 <strong>de</strong> junho com se<strong>de</strong> administrativa no<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro, cuja população-alvo eram justamente os pacientes ex-internos das Colônias, e<br />

a base voluntária <strong>de</strong> trabalho era composta por pacientes, ex-pacientes e pessoas interessadas<br />

no combate ao preconceito em torno da doença (MORHAN, s/d). A entida<strong>de</strong> assumiu o papel<br />

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