Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...
Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...
Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
no Instituto <strong>de</strong> Tecnologia Industrial <strong>de</strong> Belo Horizonte. Os oponentes do isolamento<br />
questionavam a eficácia dos Leprosários, e isto se tornaria mais evi<strong>de</strong>nte nas Conferências<br />
Internacionais seguintes, que a consi<strong>de</strong>rariam uma prática não recomendada por “se mostrar<br />
ineficaz e trazer ‘prejuízos emocionais e psicológicos’ para os doentes, que vêem dissolvidos<br />
seus laços familiares e afetivos” (MACIEL, 2007).<br />
Segundo CURI (2002), apesar <strong>de</strong> todas as medidas até então tomadas pelo Estado, somente<br />
em 1949 a profilaxia seria <strong>de</strong>finida em forma <strong>de</strong> lei 55 , prevendo quatro medidas em relação a<br />
“lepra”: isolamento compulsório <strong>de</strong> todos os acometidos; vigilância e controle <strong>de</strong> todos os<br />
suspeitos; notificação compulsória <strong>de</strong> todos os casos encontrados; afastamento dos menores<br />
das fontes <strong>de</strong> contágio (no caso, os pais). O isolamento compulsório po<strong>de</strong>ria ser realizado em<br />
estabelecimentos particulares ou oficiais – Leprosários – e em domicílio, que po<strong>de</strong>ria ser<br />
concedido unicamente mediante autorização da autorida<strong>de</strong> sanitária, o que raramente<br />
acontecia. ROTBERG (1977a) aponta que:<br />
“A lei brasileira n° 610, <strong>de</strong> 1949 (...) Obrigava ao isolamento <strong>de</strong> todos os casos<br />
<strong>de</strong> ‘lepra lepromatosa’, <strong>de</strong> todos os ‘não-lepromatosos’ mas ‘provavelmente<br />
contagiantes’, e <strong>de</strong> todos os outros ‘não-lepromatosos’ que ‘pu<strong>de</strong>ssem<br />
representar ameaça para a saú<strong>de</strong> pública’. Construiram-se 35 ‘leprosários’ no<br />
país com esta finalida<strong>de</strong>”.<br />
Nos anos 1950, a expectativa era “<strong>de</strong>masiado otimista” quanto às sulfonas e quanto à<br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> distribuí-las a pacientes novos, aliviando-os do temor do isolamento. A<br />
dapsona passou a ser utilizada no tratamento contra a hanseníase, possibilitando,<br />
tecnicamente, o tratamento ambulatorial e, teoricamente, o fim do isolamento (DUCATTI,<br />
2009). Os doentes seriam socialmente reabilitados, o público seria esclarecido e a rejeição<br />
acabaria. “Lepra, doença como outra qualquer” seria admitida em hospitais gerais. Os velhos<br />
Leprosários seriam os culpados <strong>de</strong> todos os males. (ROTBERG, 1977b).<br />
Em 1953 a Associação Brasileira <strong>de</strong> Leprologia promoveu a V Reunião dos Leprólogos<br />
Brasileiros na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Curitiba com o objetivo <strong>de</strong> preparar a atuação do Brasil no Congresso<br />
Internacional <strong>de</strong> Madri. Formaram-se comissões <strong>de</strong> classificação, profilaxia, terapêutica e<br />
diagnóstico, agregando leprologistas <strong>de</strong> todo o país, o que refletiu-se na Espanha pela<br />
representação <strong>de</strong> 28 brasileiros em todos os comitês, à exceção do comitê <strong>de</strong> Assistência<br />
Social (MACIEL, 2007). A classificação <strong>de</strong> Havana foi modificada com poucas restrições, e<br />
55<br />
Lei n.º 610 <strong>de</strong> 13/01/1949, publicada no Diário Oficial da União (DOU) dia 02/02/1949. Revogada<br />
integralmente pela lei n.º5.511 <strong>de</strong> 15/01/1968.<br />
129