Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...
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Apresentação<br />
Cumprir mais uma etapa <strong>de</strong> minha formação não foi fácil. Trabalhar e fazer mestrado é uma<br />
tarefa ingrata, porque você sempre acha que está fazendo os dois pela meta<strong>de</strong>. Como todo<br />
médico, vários vínculos rondam a minha prática, entre Saú<strong>de</strong> Pública e Suplementar. Como<br />
todo apaixonado pelo SUS, outras ati<strong>vida</strong><strong>de</strong>s não remuneradas insistem em se interpor entre<br />
as remuneradas.<br />
A escolha pela Educação em Saú<strong>de</strong> foi no mínimo intrigante. As pessoas ao meu redor<br />
divi<strong>de</strong>m-se entre as que esperavam que eu fizesse epi<strong>de</strong>miologia e as que estavam certas <strong>de</strong> eu<br />
ingressar na antropologia. Não obstante, algumas coisas conspiraram para eu investir nesta<br />
área do conhecimento.<br />
O primeiro é o fato <strong>de</strong> ser uma área ainda em consolidação, um <strong>de</strong>safio sempre presente em<br />
minha <strong>vida</strong>. Foi assim com Saú<strong>de</strong> da Família, logo que formei, persistiu na Medicina <strong>de</strong><br />
Família e Comunida<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> consoli<strong>de</strong>i a Associação Mineira junto a gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sbravadores.<br />
Transcen<strong>de</strong>u para a Atenção Domiciliar, esta sim área <strong>de</strong> atuação ainda distante <strong>de</strong> uma<br />
consolidação institucional. Quando senti finalmente que começaria a pisar em terrenos mais<br />
alicerçados, eis que surgem em minha <strong>vida</strong> a Educação em Saú<strong>de</strong>, e para completar, a<br />
Associação Médica <strong>de</strong> Betim.<br />
O segundo se relaciona diretamente com um local <strong>de</strong> atuação <strong>de</strong>safiador, estonteante, quase<br />
mágico: Casa <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Santa Izabel. Talvez nenhum outro seja tão impregnado <strong>de</strong><br />
simbologias, <strong>de</strong> signos, <strong>de</strong> estereótipos e tão rico como local <strong>de</strong> prática clínica, ensino,<br />
pesquisa e vivência. Neste locus aprendi a trabalhar em equipe, integrando o Serviço <strong>de</strong><br />
Atenção Domiciliar, o qual juntamente com Tatiana Bogutchi, aju<strong>de</strong>i a fundar. E isto nos leva<br />
ao terceiro ponto que me atraiu para a Educação em Saú<strong>de</strong>: o trabalho multiprofisisonal.<br />
Medicina <strong>de</strong> Família, Atenção Primária e Atenção Domiciliar guardam este laço do trabalho<br />
em equipe. E esta contaminação positiva me empurrou... Entra aí um novo ator fundamental:<br />
a professora <strong>de</strong> Enfermagem Dra. Maria José Moraes Antunes, parceira <strong>de</strong> pesquisas na CSSI,<br />
parceira <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> Betim, parceira <strong>de</strong> Mestrado Profissional em Saú<strong>de</strong> da Família.<br />
Esta maravilhosa pessoa me traz a notícia <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> mestrado em Educação na<br />
Saú<strong>de</strong> e me abre os olhos para uma área que até então <strong>de</strong>sconhecia, que envolvia<br />
multiprofissionalida<strong>de</strong> e interdisciplinarieda<strong>de</strong>. Nada mais provi<strong>de</strong>ncial.<br />
Fechando o raciocínio, algo foi fundamental para finalmente enten<strong>de</strong>r a minha escolha: há<br />
alguns meses, procurava na casa <strong>de</strong> meus pais alguns contos que escrevi para inscrevê-los no<br />
Congresso Brasileiro <strong>de</strong> Medicina <strong>de</strong> Família e Comunida<strong>de</strong>, e <strong>de</strong>parei-me com várias pastas<br />
<strong>de</strong> “memórias” da minha <strong>vida</strong> acadêmica e “institucional”. Os achados me mostraram que<br />
sempre me mobilizei para ati<strong>vida</strong><strong>de</strong>s que tinha implícitos os conceitos da Informação e<br />
Educação. Foi assim com a presidência <strong>de</strong> honra e página da Internet da Bandicina, do mural<br />
da sinuca do DAAB da UFMG, do Jornal “O Oncogen” que redigi com o também inquieto<br />
Bovino bovis, pseudônimo <strong>de</strong> César Ernesto e nas comemorações <strong>de</strong> formatura.<br />
Aca<strong>de</strong>micamente, do <strong>Centro</strong> <strong>de</strong> Informática Médica à página do Comitê UFMG contra a<br />
Dengue, e as Jornadas Acadêmicas <strong>de</strong> Pediatria, Urgências e Dengue. Formado, na Socieda<strong>de</strong><br />
Metropolitana <strong>de</strong> Medicina <strong>de</strong> Família e Comunida<strong>de</strong>, fui para a diretoria <strong>de</strong> informática,<br />
<strong>de</strong>pois presidência, e até hoje contribuo para a página da instituição, ainda que não mais<br />
diretor. Realmente não tinha jeito: o sangue <strong>de</strong> educador corria em minhas veias.<br />
O tema em questão reacen<strong>de</strong> uma discussão que, para o po<strong>de</strong>r público, já estaria superado.<br />
Refere-se a pessoas que viveram com sequelas <strong>de</strong> hanseníase e que foram segregadas,<br />
discriminadas e estigmatizadas por décadas. Hoje vivem nas Casas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> por falta <strong>de</strong><br />
opções, ou porque reconstruíram suas <strong>vida</strong>s após serem arrancadas <strong>de</strong> suas famílias. Essas<br />
pessoas teriam se tornado “idosas antes da chegada da velhice”, <strong>de</strong>vido às graves sequelas da<br />
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