17.04.2013 Views

Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...

Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...

Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

6 DISCUSSÃO<br />

6.1 Políticas Públicas Brasileiras no combate à “lepra”<br />

A história das <strong>políticas</strong> <strong>públicas</strong> adotadas em relação à “lepra”/ hanseníase no Brasil<br />

<strong>de</strong>monstra que somente a partir do século XX houve a mobilização do aparato estatal em<br />

torno do tema. Até o início do século passado as ações eram pontuais, e sob iniciativa privada,<br />

<strong>de</strong>stacando-se a Igreja Católica e suas obras assistenciais, voltadas para os Leprosários, sem<br />

assistência médica, ou para o Hospital <strong>de</strong> São Cristóvão na Capital Fe<strong>de</strong>ral.<br />

A partir das primeiras reformas sanitárias que culminaram com a criação <strong>de</strong> uma estrutura<br />

governamental específica para a saú<strong>de</strong>, iniciam-se as <strong>políticas</strong> <strong>públicas</strong> <strong>de</strong> profilaxia da<br />

“lepra”, sob forte influência da primeira Conferência Internacional <strong>de</strong> Leprologia ocorrida em<br />

Berlim em 1897. Esta conferência traz o caráter científico necessário para justificar o<br />

isolamento, a princípio domiciliar, como medida <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública.<br />

Três gran<strong>de</strong>s atores sociais tiveram papel <strong>de</strong>cisivo na forma <strong>de</strong> lidar com a en<strong>de</strong>mia: o estado<br />

<strong>de</strong> São Paulo, segregacionista, as socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> assistência, humanitárias, e o governo fe<strong>de</strong>ral.<br />

À medida que se inicia o governo centralizador <strong>de</strong> Getúlio Vargas, sob o comando do<br />

Ministro Gustavo Capanema, progressivamente o país adota o “mo<strong>de</strong>lo paulista” para a<br />

profilaxia da doença, beneficiado ainda pela aproximação das Socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Assistência com<br />

a saída <strong>de</strong> Alice Tibiriçá <strong>de</strong> seu comando.<br />

A forte influência <strong>de</strong> um discurso higienista para a consolidação <strong>de</strong> uma população sadia e<br />

trabalhadora influi diretamente na expansão dos Leprosários. Os doentes seriam, a partir <strong>de</strong><br />

então, internados compulsoriamente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do estágio ou forma da doença, e as<br />

medidas <strong>de</strong> exclusão segregariam pacientes <strong>de</strong> seus familiares, isolando-os nas instituições<br />

totais.<br />

O estado organiza o armamento “anti-leprótico” baseado no chamado “mo<strong>de</strong>lo tripé”, que<br />

conta com os Leprosários e/ou Colônias, <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> do Governo Fe<strong>de</strong>ral, os<br />

Dispensários, a cargo dos Governos Estaduais, e os Preventórios e/ou Educandários, sob<br />

responsabilida<strong>de</strong> das Socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Assistência.<br />

Há a expansão <strong>de</strong>stas instituições, até que as Conferências Internacionais passam a<br />

recomendar o tratamento ambulatorial, impulsionado pela <strong>de</strong>scoberta da eficácia das sulfonas.<br />

157

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!