17.04.2013 Views

Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...

Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...

Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

no Brasil. O país já adotara esta linha <strong>de</strong> orientação <strong>de</strong> trabalho, mas o isolamento ainda era<br />

feito em Leprosários. A campanha do Rio <strong>de</strong> Janeiro naquele momento, tinha exatamente o<br />

propósito <strong>de</strong> agregar os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública das três instâncias governamentais nas<br />

ações <strong>de</strong> combate à en<strong>de</strong>mia (MACIEL, 2007).<br />

“Os Congressos Internacionais <strong>de</strong> <strong>Hanseníase</strong> (CIL), bastante inovadores,<br />

foram <strong>de</strong>saconselhar o isolamento em 1958, ou seja, 17 anos <strong>de</strong>pois do advento<br />

das sulfonas, e o motivo alegado nas conclusões do evento era o anacronismo<br />

<strong>de</strong>sta medida (mais do que a eficácia terapêutica). Prática antiquada e<br />

ina<strong>de</strong>quada, sem resultados positivos, que não estava auxiliando e ao contrário<br />

agravava a situação dos países endêmicos.” (CURI, 2002)<br />

A cura da “lepra” extinguia a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> isolamento, o “leproso” não precisaria mais ser<br />

isolado “em benefício dos sãos” e “as campanhas sanitárias levariam ao fim da lepra” na visão<br />

dos leprologistas (MACIEL, 2007). No Brasil, enquanto ocorria o Congresso japonês, já se<br />

concretizava a CNCL, que seria aprovada por Lei em 1959 58 (CURI, 2002). Os leprologistas<br />

brasileiros, dirigidos por Orestes Diniz à frente do SNL, já executavam a campanha<br />

epi<strong>de</strong>miologica com um tom <strong>de</strong> otimismo dos leprologistas que construiram um “roteiro” para<br />

que o combate à doença tivesse sucesso: as <strong>de</strong>scobertas cientificas “inevitavelmente”<br />

livrariam o país daquele “flagelo” e <strong>de</strong> todas as doenças infecciosas. O SNL promoveria,<br />

através <strong>de</strong> esforços comuns com os governos estaduais e locais, controle e vigilância dos<br />

doentes, com menor custo, rapi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> ação, alcance nacional, e que não geraria os problemas<br />

sociais insuperáveis causados pelo isolamento. Os dispensários trabalhariam em conjunto com<br />

as <strong>de</strong>mais instalações sanitárias. A leprologia brasileira fortaleceu sua postura contra o<br />

isolamento <strong>de</strong> maneira consensual, à exceção da Saú<strong>de</strong> Pública paulista, sempre dissonante,<br />

que manteve o isolamento até 1967.<br />

Os pobres continuariam sendo as maiores vítimas da doença, mesmo no novo mo<strong>de</strong>lo: nas<br />

décadas anteriores a <strong>de</strong> 1950, o diagnóstico significava o isolamento, “<strong>de</strong>cisão para o resto da<br />

<strong>vida</strong>, con<strong>de</strong>nação perpétua”. Contudo, mesmo na década <strong>de</strong> 1950, os mais pobres tinham<br />

dificulda<strong>de</strong> para o tratamento livre do isolamento. O <strong>de</strong>poimento colhido <strong>de</strong> Francisco Carlos<br />

Félix Lana, por CURI (2002), ilustra:<br />

“Na década <strong>de</strong> cinqüenta e cinco a sessenta, já foi na época da eleição do J.K.,<br />

aí ele lançou o Programa Rosa da Esperança on<strong>de</strong> o tratamento era domiciliar.<br />

Quando a pessoa internava ficava poucos dias, <strong>de</strong>pois voltava... logo quando<br />

houve a revogação do internamento compulsório, então o doente passou a ter<br />

mais liberda<strong>de</strong> não só <strong>de</strong>ntro da Colônia, como fora também. De J.K. pra cá já<br />

não internou mais engenheiro, filho <strong>de</strong> político, pessoa <strong>de</strong> alta socieda<strong>de</strong> não<br />

internou mais”.<br />

58 Lei n.º 3542, <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1959.<br />

133

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!