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Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...

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“impecavelmente livre <strong>de</strong> hanseníase”, contraiu a doença na ilha havaiana <strong>de</strong> Molokai o que<br />

colocaria em cheque toda a teoria da hereditarieda<strong>de</strong>. (BROWNE, 1985).<br />

Segundo MONTEIRO (1998), amplia-se também a discussão da conduta em relação aos<br />

filhos dos doentes. Alguns países optaram por colocar os menores em estabelecimentos<br />

especiais, outros por dar condições para que as crianças pu<strong>de</strong>ssem continuar convivendo em<br />

núcleos familiares. No primeiro grupo <strong>de</strong>stacam-se governos que na época faziam parte <strong>de</strong><br />

impérios coloniais, como Havaí, Índia e Filipinas 11 e em outros, diferentes práticas retiravam<br />

o menor do convívio social, como, por exemplo, permitir que crianças sadias acompanhassem<br />

seus pais e fossem criadas nos locais <strong>de</strong> isolamento. Na Noruega optou-se pela convivência do<br />

menor sadio no meio familiar, e para tanto havia ajuda financeira à família que recebesse a<br />

criança, suficiente para manter toda uma família. Os noruegueses <strong>de</strong>monstraram que a<br />

“internação” do menor num Preventório resolvia o problema do <strong>de</strong>samparo e do risco <strong>de</strong><br />

contágio, mas não o problema da criança, pelos <strong>de</strong>sdobramentos apresentados, tais como<br />

graves <strong>de</strong>sajustes sociais.<br />

A sustentação cientifica para o isolamento como forma <strong>de</strong> cuidado e controle para a “lepra”<br />

ocorreria na segunda meta<strong>de</strong> do século XIX, na Noruega, país então <strong>de</strong>stacado mundialmente<br />

no combate à doença. Em 1866, Gerhard Henrik Armauer Hansen (1841-1912) <strong>de</strong>screveu a<br />

presença <strong>de</strong> corpos em forma <strong>de</strong> bastonete como a possível causa da hanseníase. Ele era o<br />

sucessor da geração <strong>de</strong> leprologistas <strong>de</strong> Danielssen e Boeck, cujo livro foi consi<strong>de</strong>rado pelo<br />

patologista Rudolph Virchow 12 como o primeiro “verda<strong>de</strong>iramente científico” na análise da<br />

doença. (MACIEL, 2007).<br />

Com a alta prevalência da “lepra” no “novo mundo”, e as novas <strong>de</strong>scobertas acerca da<br />

doença, ocorre em Berlim a 1ª Conferência Internacional <strong>de</strong> Leprologia em outubro <strong>de</strong> 1897,<br />

consi<strong>de</strong>rado o marco mo<strong>de</strong>rno do mo<strong>de</strong>lo isolacionista. Confirma-se o bacilo <strong>de</strong> Hansen<br />

como agente etiológico da “lepra” em <strong>de</strong>trimento da transmissão hereditária, e a<br />

recomendação da prevenção através <strong>de</strong> notificação obrigatória, vigilância e isolamento<br />

11 O Havaí criou em 1880 seu primeiro Preventorio, local <strong>de</strong> envio <strong>de</strong> crianças sadias; a India, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> fins do<br />

século XIX, se preocupava com essa questão e, a partir <strong>de</strong> 1886, já havia locais próprios para abrigá-las; o<br />

mesmo processo aconteceu nas Filipinas (MONTEIRO 1998).<br />

12 Rudolph Virchow foi um médico alemão, consi<strong>de</strong>rado o primeiro sanitarista da história da medicina. Na<br />

Alemanha, em 1847 introduziu o conceito da Medicina Social: investigando epi<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Febre Tifói<strong>de</strong> em área<br />

rural da Prússia não recomendou soluções médicas, mas investimento na <strong>qualida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>vida</strong> através <strong>de</strong> “radical”<br />

reforma econômica, política e social; seria o <strong>de</strong>lineamento inicial do conceito ampliado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong> uma seara<br />

médica para um objeto da esfera política: “A medicina é uma ciência social e a política nada mais é do que a<br />

medicina em gran<strong>de</strong> escala.” (SAVASSI, 2009). Este médico presidiu o primeiro Congresso Internacional <strong>de</strong><br />

Leprologia em Berlim.<br />

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