Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...
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Até 1920, surgiram os primeiros planos profiláticos que culminaram com a criação da<br />
Inspetoria <strong>de</strong> Profilaxia da Lepra e das Doenças Venéreas, e se intensificavam os <strong>de</strong>bates<br />
sobre a forma <strong>de</strong> isolamento, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> partiria a <strong>de</strong>cisão política <strong>de</strong> criar hospitais-colônias<br />
para o isolamento dos “leprosos” (DUCATTI, 2009; FIGUEIREDO, 2005). No final da<br />
segunda década, duas soluções eram discutidas: a primeira seria a construção <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong><br />
Leprosário central, com capacida<strong>de</strong> para receber todos os enfermos do país, semelhante ao<br />
leprosário <strong>de</strong> Carville <strong>de</strong> New Orleans (Louisiana, EUA), sendo sugerida a Ilha Gran<strong>de</strong> como<br />
o local mais a<strong>de</strong>quado; a segunda opção, que acabaria sendo a implementada, seria a<br />
construção <strong>de</strong> diversos hospitais, as chamadas colônias, em todas as unida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>rativas,<br />
para o isolamento dos doentes sob o mo<strong>de</strong>lo norueguês. (SANTOS, 2006a).<br />
O governo paraense foi o primeiro a firmar acordo com a União, em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1920,<br />
culminando com a construção do lazarópolis do Prata, nas proximida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Belém,<br />
inaugurado em junho <strong>de</strong> 1924 como a primeira colônia fundada sob as recomendações da<br />
Inspetoria. Em 1921 seria ainda inaugurado o Serviço <strong>de</strong> Profilaxia Rural do Pará, coor<strong>de</strong>nado<br />
por Souza-Araujo e logo em seguida, o primeiro Dispensário do Brasil, “fundado no mesmo<br />
ano em que Ernest Muir fundava, em Calcutá, o primeiro Dispensário da Índia”. (SANTOS,<br />
2006).<br />
Já em 1921, Chagas reconhecia a gra<strong>vida</strong><strong>de</strong> da profilaxia da hanseníase e reclamava da falta<br />
<strong>de</strong> colônias <strong>de</strong> isolamento, apontando para a criação <strong>de</strong> mais. Mas até meados da década <strong>de</strong><br />
1930, o isolamento, se necessário, <strong>de</strong>veria ocorrer apenas em casos extremos e o portador <strong>de</strong><br />
hanseníase ainda podia conviver com seus familiares e amigos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que seguidos alguns<br />
cuidados médicos e <strong>de</strong> higiene. (DUCATTI, 2009). Até então não havia recenseamento<br />
sistemático dos doentes: as estimativas variavam <strong>de</strong> 5.000 a 12.000 contaminados no Brasil.<br />
Em 1921 havia uma estimativa <strong>de</strong> 15.000, e em 1923 o censo <strong>de</strong> “leprosos”, apresentado na<br />
Conferência da França, teria contabilizado 7.224 doentes (CUNHA, 2005). Em 1927 este<br />
número chegaria a 12.730 pelo censo, com estimativa <strong>de</strong> 34.000 doentes. (SOUZA –<br />
ARAÚJO, 1937). O nomadismo e a mendicância eram praticados como opção à falta <strong>de</strong><br />
trabalho: os “leprosos” formavam acampamentos próximos a santuários nas festas religiosas,<br />
e sua “não fixação” era um dos principais obstáculos à realização <strong>de</strong> um censo. (SANTOS,<br />
2006a).<br />
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