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Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...

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solicitando donativos, a <strong>de</strong>speito das mudanças no tratamento e da profilaxia da hanseníase.<br />

Era comum em Belo Horizonte pessoas da classe média receberem cartas lamentando a<br />

situação do doente e solicitando auxílio financeiro.<br />

Em linhas gerais, os administradores da CSI enten<strong>de</strong>m que a maioria dos pacientes não se<br />

sentiu insatisfeita com a estrutura asilar. DINIZ (1961) afirmou que:<br />

“A experiência <strong>de</strong> muitos anos <strong>de</strong> trabalho, o conhecimento dos traços<br />

psicológicos dos doentes, a observação <strong>de</strong> suas reações e <strong>de</strong> seu modo <strong>de</strong> viver,<br />

levam-me à afirmação <strong>de</strong> que em nenhuma parte estariam melhor do que nas<br />

Colônias. São elas núcleos <strong>de</strong>mográficos on<strong>de</strong> a igualda<strong>de</strong> é uma constante.<br />

Vivem ali usufruindo uma série <strong>de</strong> benefícios proporcionados pelos po<strong>de</strong>res<br />

públicos. As emoções humanas não são suprimidas e todos os direitos se<br />

conservam inalteráveis. (...) o certo é que as Colônias, nos mol<strong>de</strong>s em que são<br />

organizadas, amplas, populosas, confortáveis, constituem centros on<strong>de</strong> a <strong>vida</strong>,<br />

para os que nelas carecem residir, <strong>de</strong>corre <strong>de</strong> toda a trepidação das<br />

aglomerações humanas comuns. O trabalho, o comércio, as pequenas<br />

indústrias, a política, a religião, os esportes, po<strong>de</strong>m ser livremente exercidos.<br />

As paixões, a amiza<strong>de</strong> e o amor, <strong>de</strong>corrência das emoções naturais da <strong>vida</strong><br />

comum, nascem, se estreitam e se cultivam com toda espontaneida<strong>de</strong>.”<br />

O atual diretor, Shigeru Ricardo Sekiya, em <strong>de</strong>poimento concedido a SILVA & MARES<br />

(2004), afirma que:<br />

“Eles eram felizes aqui, porque muitos que fugiam daqui voltavam <strong>de</strong>pois.<br />

Porque o mundo lá fora <strong>de</strong> preconceito... aqui tinha comida, roupa lavada,<br />

médicos, esportes. Muitos passavam fome antes <strong>de</strong> vir pra cá. Noventa e tantos<br />

por cento são <strong>de</strong> classe pobre” (SILVA & MARES, 2004).<br />

DUCATTI (2009) aponta também que:<br />

“Embora o isolamento tenha sido uma forma irracional <strong>de</strong> tentar a cura da<br />

hanseníase, para muitos doentes ir para um Leprosário não significava<br />

necessariamente algo negativo, ao contrário, num Leprosário po<strong>de</strong>r-se-ia obter<br />

um teto, amigos, apren<strong>de</strong>r ofício e... comer, pois a hanseníase, em mais <strong>de</strong> 90%<br />

dos casos, atinge pobres...” (DUCATTI, 2009).<br />

MONTEIRO (1998) relata que Minas Gerais tinha procedimentos mais humanos ao lidar com<br />

os internos do preventório:<br />

“(...) em Minas Gerais, por exemplo, havia a possibilida<strong>de</strong> dos internos<br />

realizarem cursos profissionalizantes, em São Paulo a realida<strong>de</strong> era outra, uma<br />

vez que a própria direção do Preventório era a responsável pela não<br />

continuida<strong>de</strong> dos estudos, ou pelo menos pela não qualificação profissional dos<br />

internos”<br />

O coor<strong>de</strong>nador estadual do MORHAN, Hélio Dutra, entretanto, aponta que ao contrário do<br />

que pensam os administradores, a situação não era amena:<br />

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