Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...
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mantendo-se a cargo da Inspetoria <strong>de</strong> Profilaxia da Lepra e das Doenças Venéreas e<br />
limitando-se a manter os financiamentos a estados sem um critério pré-estabelecido e sem um<br />
plano específico.<br />
Em resposta à dificulda<strong>de</strong> dos Estados em construir Leprosários, o governo celebrou<br />
convênios e acordos em que a execução <strong>de</strong>stas obras seria responsabilida<strong>de</strong> da União, o que<br />
também facilitaria a padronização “<strong>de</strong> diretrizes e continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ação” (MACIEL, 2007). O<br />
combate à “lepra” seria realizado através da cooperação entre os governos municipais e o<br />
estadual e caberia ao governo fe<strong>de</strong>ral inicialmente controlar a entrada <strong>de</strong> novos enfermos<br />
pelos portos e fronteiras. A inter<strong>de</strong>pendência entre os Estados no pacto fe<strong>de</strong>rativo é evi<strong>de</strong>nte<br />
em uma conferência proferida por Emílio Ribas:<br />
“Ação combinada <strong>de</strong> todos os Estados não só porque não é justo que as<br />
instalações feitas por um <strong>de</strong>terminado Estado, <strong>de</strong> acordo com as suas<br />
necessida<strong>de</strong>s, fiquem logo excedidas em sua lotação pelo afluxo <strong>de</strong><br />
leprosos proce<strong>de</strong>ntes do exterior do seu território, como também porque<br />
a ação simultânea dos Estados implica em garantir o crédito sanitário do<br />
nosso país, diminuindo os perigos <strong>de</strong> novas contaminações. (...) Cada<br />
Estado <strong>de</strong>ve, pois, provi<strong>de</strong>nciar sobre o isolamento dos doentes<br />
resi<strong>de</strong>ntes na sua zona”. (SANTOS, 2006a)<br />
Em 1933, ocorreria a Conferência para Uniformização da Campanha Contra a Lepra, que<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u abertamente o isolamento baseando-se em estimativas <strong>de</strong> número <strong>de</strong> doentes, que<br />
superariam os 30.000 (CURI, 2002). Naquele mesmo ano, Vargas, viajando pelo país, chegou<br />
a visitar “leprosos” no Maranhão, registrando a “impressão geral <strong>de</strong>soladora, <strong>de</strong> abandono, <strong>de</strong><br />
pobreza”, que refletia também a situação econômica daquele estado, e teria influído no apoio<br />
que o presi<strong>de</strong>nte da República daria à campanha contra a “lepra” (SANTOS, 2006a). No fim<br />
<strong>de</strong> 1933, instalou-se a Assembléia Nacional Constituinte, que promulgou no ano seguinte a<br />
Nova Constituição e elegeria indiretamente Getulio Vargas presi<strong>de</strong>nte do Brasil.<br />
Em 1934, foi criado o Instituto Nacional <strong>de</strong> Estatística, já que a Inspetoria <strong>de</strong> Profilaxia <strong>de</strong><br />
Lepra e Doenças Venéreas, embora tivesse uma primeira iniciativa, não conseguiu implantar<br />
uma rotina nacional <strong>de</strong> trabalho quanto ao Censo <strong>de</strong> “Leprosos”. (MACIEL, 2007). A<br />
pesquisa científica direcionada para a lepra ganhou um impulso com a criação, em julho <strong>de</strong><br />
1934, do CIEL – <strong>Centro</strong> Internacional <strong>de</strong> Estudos sobre a Lepra (CUNHA, 2005)<br />
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