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Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...

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n° 968, <strong>de</strong> 1962 63 . A partir dali, o Ministro da Saú<strong>de</strong> expediria novas Normas para o controle<br />

da <strong>Hanseníase</strong>, que foram estabelecidas por uma nova portaria “assinada em tempo recor<strong>de</strong>,<br />

incorporando todas as medidas sociais, médicas e lingüísticas recomendadas pelos sete grupos<br />

<strong>de</strong> trabalho e pela sessão plenária da Conferência — com exceção das que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

outros Ministérios ou <strong>de</strong> ação do Congresso” (ROTBERG, 1976). Com esta nova legislação o<br />

isolamento seletivo foi <strong>de</strong>finitivamente banido e todo o atendimento aos acometidos passou a<br />

ser ambulatorial. (CURI 2002)<br />

ROTBERG (1977a) rotularia o novo programa <strong>de</strong> controle da hanseníase elaborado pelo<br />

Ministério da Saú<strong>de</strong> do Brasil <strong>de</strong> “Fase III da luta contra a hanseníase nos tempos mo<strong>de</strong>rnos”,<br />

consi<strong>de</strong>rando como fase I a política <strong>de</strong> isolamento compulsório, e como fase II o tratamento<br />

ambulatorial em serviços integrados. Segundo ROTBERG (1977a):<br />

“Quase trinta anos são passados e, na maioria dos países, a doença continua a<br />

ser enfrentada com os métodos e os conceitos da Fase II, embora não se tenha<br />

observado, em nenhum <strong>de</strong>les, o mais leve sinal <strong>de</strong> <strong>de</strong>clinio, quer da en<strong>de</strong>mia,<br />

quer do estigma. Em muitos lugares a segregação continua, por causa <strong>de</strong> leis<br />

antigas ou <strong>de</strong> pressões sociais. Os ‘leprosários’ não mudaram muito, e o<br />

‘espírito segregacionista’ está tão vivo como antes. Os doentes continuam<br />

rejeitados por hospitais gerais, por centros <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, pela socieda<strong>de</strong>. A<br />

educação não funciona. A ignorância, o terror e as superstições imperam. Os<br />

conviventes se escon<strong>de</strong>m. Doentes apavorados e ostracizados não comparecem<br />

— ou começam logo a faltar, se por acaso o fizerem. Só uma pequena fração<br />

da pequena fração que ousa aparecer em público recebe tratamento a<strong>de</strong>quado.<br />

Nenhuma prevenção po<strong>de</strong>ria ser esperada nessas condições. Não há dú<strong>vida</strong> <strong>de</strong><br />

que a Fase II foi menos trágica que a Fase I, mas seus resultados foram tão<br />

negativos quanto os <strong>de</strong>sta.” (ROTBERG 1977, p. 2)<br />

Abraão Rotberg, que seria também o editor da RBL, mudaria o nome do DPL para<br />

Departamento <strong>de</strong> Dermatologia Sanitária e criaria uma campanha para explicitar a “não<br />

periculosida<strong>de</strong>” do ex-paciente <strong>de</strong> “lepra”. Ele fez da mudanca da nomenclatura sua missão<br />

com foco pleno no estigma – o “leprostigma” – com o objetivo <strong>de</strong> separar a doença (“núcleo”)<br />

do estigma (“corrente”), consi<strong>de</strong>rado um passo fundamental “sine qua non”. A alternativa<br />

adotada foi manter a “corrente” e libertar a doença física sob outro nome: o fenômeno cultural<br />

da “lepra” não seria modificado, mas também não tocaria a doença “hanseníase” (ROTBERG<br />

1977a)<br />

“A ‘lepra’ não é — nem será jamais — ‘doença como as outras’ mas sim<br />

‘corrente cultural estrangulando doença física comum’. Portanto, libertar<br />

pacientes e socieda<strong>de</strong> dos graves problemas psicossociais da ‘lepra’ é objetivo<br />

principal para o qual a maior parte das ati<strong>vida</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>veria estar dirigida. Só<br />

63<br />

Decreto nº 77.513, <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 1976. “Revoga o Decreto n° 968, <strong>de</strong> 7 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1962, e dá outras<br />

providências.”<br />

139

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