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Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...

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A exclusão da “lepra” <strong>de</strong>sta lista <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong>s gerou a reação <strong>de</strong> Souza Araújo, que lutou<br />

para incluí-la no rol das doenças sob atenção do então Serviço <strong>de</strong> Profilaxia Rural (SPR). Pelo<br />

<strong>de</strong>creto <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1918, os Estados <strong>de</strong>veriam estabelecer parceria com a União para criar<br />

representações do SPR nas diversas unida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>rativas; Minas Gerais e Paraná, primeiros<br />

estados a criar o Serviço <strong>de</strong> Profilaxia Rural estadual, incluíram a “lepra” como doença-alvo a<br />

ser combatida. Os Estados seriam os responsáveis pela construção das instituições <strong>de</strong><br />

isolamento e cada um elaborava uma política própria, seguindo a Constituição Fe<strong>de</strong>rativa <strong>de</strong><br />

1891. (MACIEL, 2007).<br />

Ainda em 1918, um relatório da Aca<strong>de</strong>mia Médico-cirúrgica sugeriu pontos para uma política<br />

nacional em relação à “lepra”. Seria fundamental que todas as unida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>rativas tivessem<br />

Leprosários para evitar o <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> doentes por todo o país, fato corrente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

período colonial, especialmente no Rio <strong>de</strong> Janeiro que recebia “lázaros” <strong>de</strong> quase todos os<br />

estados.<br />

A década <strong>de</strong> 1920 foi marcada pela maior atuação governamental na causa da “lepra”, quando<br />

a DGSP daria lugar ao Departamento Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública (DNSP). A reformulação<br />

dos serviços sanitários fe<strong>de</strong>rais ocorreu no governo <strong>de</strong> Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa<br />

(1865-1942), e o DNSP seria dirigido por Carlos Justiniano Ribeiro Chagas (1879-1934) até<br />

1926. O <strong>de</strong>partamento criou a Inspetoria <strong>de</strong> Profilaxia da Lepra e das Doenças Venéreas, que<br />

se <strong>de</strong>dicaria à divulgação da situação real da doença no país. A ação da inspetoria nos estados<br />

da fe<strong>de</strong>ração dava-se por meio da antiga Diretoria <strong>de</strong> Saneamento Rural, em cooperação com<br />

os governos estaduais. (SANTOS, 2006a).<br />

As condições precárias <strong>de</strong> higiene e saú<strong>de</strong> pública da classe operária motivaram a política<br />

sanitária <strong>de</strong> Oswaldo Cruz para remover “as imundices”, os focos <strong>de</strong> infecção, recolher e<br />

expulsar dos centros urbanos os que eles consi<strong>de</strong>ravam “inaptos para o convívio social”, tais<br />

como os “doentes mentais”, “leprosos” e mendigos, saneando as cida<strong>de</strong>s (FIGUEIREDO,<br />

2005). A epi<strong>de</strong>mia da “lepra” permanecia alta. Salários insuficientes, alimentação <strong>de</strong> má<br />

<strong>qualida<strong>de</strong></strong> e péssimas habitações eram causas do contágio do trabalhador pela hanseníase. Os<br />

médicos e higienistas <strong>de</strong>sse período já tinham uma preocupação eugênica – segundo<br />

DUCATTI (2009) – sobre esses processos epidêmicos.<br />

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