17.04.2013 Views

Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...

Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...

Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A exemplo do “mo<strong>de</strong>lo norueguês” o Brasil tinha o “mo<strong>de</strong>lo paulista” 36 , que <strong>de</strong>fendia o<br />

isolamento compulsório <strong>de</strong> todos os “leprosos”. Como <strong>de</strong>staca MONTEIRO (1998), “os<br />

outros Estados da Fe<strong>de</strong>ração optavam por um mo<strong>de</strong>lo mais brando. O mo<strong>de</strong>lo implementado<br />

em São Paulo na década <strong>de</strong> 1920 consolidou-se na gestão <strong>de</strong> Salles Gomes no órgão <strong>de</strong><br />

combate à lepra durante toda a Era Vargas”. As ações profiláticas paulistas são consi<strong>de</strong>radas<br />

um marco na implementação <strong>de</strong> <strong>políticas</strong> <strong>públicas</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> centralizadoras. Além disso,<br />

diversos segmentos sociais paulistas contribuíram para a ampliação das discussões. SANTOS<br />

(2006a) cita Emílio Marcon<strong>de</strong>s Ribas (1862-1925):<br />

“Este exemplo não me ocorre por um bairrismo mal entendido, nem<br />

pela preocupação, inteiramente <strong>de</strong>scabida em assunto <strong>de</strong> tanta<br />

relevância e responsabilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> ser agradável aos nossos<br />

administradores. Cito o caso <strong>de</strong> S. Paulo unicamente por achar que é um<br />

exemplo a ser imitado. De fato, ali se realizam, os dois fatores <strong>de</strong>cisivos<br />

no êxito da profilaxia da lepra, isto é, um governo bem orientado ao<br />

lado <strong>de</strong> um povo culto generoso”. (Emilio Ribas in: SANTOS, 2006a)<br />

Antecessor <strong>de</strong> Arthur Neiva (1880-1943), Emílio Ribas foi outro médico <strong>de</strong>dicado ao estudo<br />

da “lepra”. Em 1918, Ribas participara do grupo <strong>de</strong> trabalho encarregado <strong>de</strong> analisar a lepra<br />

em São Paulo, cujos estudos foram fundamentais “para o assunto relativo à profilaxia da lepra<br />

no Estado <strong>de</strong> São Paulo”, seguindo-se a política <strong>de</strong> exclusão adotada in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da forma<br />

clínica ou estágio da doença. A política segregacionista paulista foi oficializada pela reforma<br />

<strong>de</strong> 1917, e sua ação se distinguia radicalmente das implantadas em outros estados, on<strong>de</strong> o<br />

mo<strong>de</strong>lo isolacionista não era tão rigoroso. (MACIEL, 2007).<br />

Em 1924, São Paulo fundou o Serviço <strong>de</strong> Profilaxia da Lepra, e no ano seguinte, a Inspetoria<br />

<strong>de</strong> Profilaxia da Lepra, autônoma inclusive em relação a Inspetoria <strong>de</strong> Profilaxia da Lepra e<br />

Doenças Venéreas do governo fe<strong>de</strong>ral. (MACIEL, 2007). Ainda em 1935, Salles Gomes, já<br />

Secretário <strong>de</strong> Educação e Saú<strong>de</strong> Pública <strong>de</strong> São Paulo, transformava a Inspetoria em<br />

Departamento <strong>de</strong> Profilaxia da Lepra (DPL), com tamanha importância que, segundo<br />

MONTEIRO (1995), “na Secretaria <strong>de</strong> Estado, havia dois gran<strong>de</strong>s serviços relacionados com<br />

a saú<strong>de</strong>: um <strong>de</strong>stinado apenas para a ‘lepra’ e outro que se encarregaria <strong>de</strong> todas as <strong>de</strong>mais<br />

doenças”. Embora o governo estadual <strong>de</strong>stinasse verbas ao Departamento, este tinha<br />

autonomia para buscar recursos com a União, municípios e socieda<strong>de</strong>. No relatório <strong>de</strong> 1935<br />

36 A literatura da época não faz alusão explícita a um “mo<strong>de</strong>lo paulista”, como sempre foi feito ao “mo<strong>de</strong>lo<br />

norueguês”. Mas influência da elite científica e das <strong>políticas</strong> <strong>públicas</strong> paulistas na Saú<strong>de</strong> Pública nacional foram<br />

tão impactantes, que hoje, ao rever as <strong>políticas</strong> da época, se admite que tal mo<strong>de</strong>lo existiu. Segundo MONTEIRO<br />

(2003): “What we now call the 'São Paulo mo<strong>de</strong>l’served as a source of inspiration and, to a greater or lesser<br />

extent, <strong>de</strong>termined prophylactic policy for the disease in several Brazilian states”. Sobre este tema, sugere-se ver<br />

também CUNHA (2005).<br />

112

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!