Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...
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menos ati<strong>vida</strong><strong>de</strong>s do cuidador, <strong>de</strong>vido à menor necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> curativos, fato intimamente<br />
relacionado às sequelas da hanseníase.<br />
As ati<strong>vida</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>vida</strong> instrumentais não têm uma correlação fixa e invariável com a QV. Há<br />
AVDIs on<strong>de</strong> a maior <strong>de</strong>pendência se relaciona com piores escores <strong>de</strong> QV e outras on<strong>de</strong> a<br />
in<strong>de</strong>pendência piora a percepção do doente. O paciente “capaz” po<strong>de</strong> estar munido <strong>de</strong> uma<br />
melhor re<strong>de</strong> social, o que relegaria a um segundo plano o cuidador, inclusive na questão<br />
afetiva, transportando-o para uma função “doméstica” ou “do lar”. Por outro lado é possível<br />
que a maior autonomia se traduza em menor apoio social percebido. Há uma tênue<br />
correlação entre o sentimento <strong>de</strong> menos-valia do cuidador <strong>de</strong>vido à maior autonomia do<br />
paciente, e da maior sobrecarga com a menor autonomia, sendo a dicotomia <strong>de</strong> sentimentos<br />
uma característica do cuidador.<br />
Especificamente em Santa Izabel, parece que capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar ati<strong>vida</strong><strong>de</strong>s externas ao<br />
domicílio – tais como fazer compras, usar o telefone (público) e os meios <strong>de</strong> transporte –<br />
exponham estes pacientes e suas sequelas à população externa. A gran<strong>de</strong> conclusão é que as<br />
relações entre cuidadores e pacientes tem achados controversos, e mesmo contraditórios ao se<br />
revisar os estudos.<br />
Para confirmar estas premissas, é necessário aprofundar o estudo das relações entre os<br />
domínios da QV e seus <strong>de</strong>terminantes, o que <strong>de</strong>ve ser feito através <strong>de</strong> metodologia qualitativa<br />
para <strong>de</strong>monstrar por quais motivos estas relações ocorrem <strong>de</strong> maneira diversa.<br />
Da mesma maneira, os sujeitos estudados em Santa Izabel têm algumas particularida<strong>de</strong>s<br />
relativas ao tipo <strong>de</strong> paciente sob cuidado e por isto, as conclusões – especialmente acerca <strong>de</strong><br />
cuidadores – não po<strong>de</strong>m ser generalizadas.<br />
Na comparação entre pacientes e cuidadores, houve diferença significativa quanto ao pior<br />
domínio físico <strong>de</strong> pacientes – fato esperado, por se tratar <strong>de</strong> pacientes com sequelas graves da<br />
doença – e melhor domínio social em relação aos cuidadores. A re<strong>de</strong> social formada pelas<br />
relações <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>, somada ao apoio social oferecido pelo MORHAN faz com que esta<br />
seja uma característica marcante dos ex-Hospitais Colônia, fundamental para a aquisição <strong>de</strong><br />
resiliência e enfrentamento das situações adversas. Sempre que se for avaliar ou abordar<br />
pacientes com sequelas <strong>de</strong> hanseníase, <strong>de</strong>ve-se ter em mente que este é um fator presente.<br />
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