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Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...

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São Paulo, “isolacionista”, embaseado em uma elite técnica e política influente; as Socieda<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> Assistência, inicialmente <strong>de</strong> discurso e prática mais “humanitárias”; e o Governo Fe<strong>de</strong>ral<br />

centralizador, comandado por Getúlio Vargas e seu ministro Gustavo Capanema.<br />

A postura dos “humanitários” ecoava na socieda<strong>de</strong> civil através das Socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

Assistência. Criadas pela elite cultural brasileira, foram fundamentais no apoio aos<br />

Leprosários e no combate aos maus-tratos. Ainda na década <strong>de</strong> 1920, Alice <strong>de</strong> Toledo Ribas<br />

Tibiriçá (1886-1950) percebeu que a assistência aos hansenianos se prestava à “<strong>de</strong>fesa dos<br />

sãos” e afirmava que os doentes precisavam ter uma <strong>vida</strong> útil, que pu<strong>de</strong>sse ser <strong>de</strong>spendida em<br />

ocupações. Ela militou pelas entida<strong>de</strong>s assistencialistas, encarregadas <strong>de</strong> construir Leprosários<br />

como o <strong>de</strong> Santo Ângelo em São Paulo, e provocou preocupações ao estado <strong>de</strong> São Paulo, já<br />

que a campanha em si <strong>de</strong>nunciava a existência da doença e perturbava a emigração, pois se<br />

criava a imagem do país da “lepra”. Adolfo Lutz 31 (1855-1940) trabalhava na contra-corrente<br />

da visão dominante da hipótese <strong>de</strong> um bacilo causador da doença, e foi outro que se opôs ao<br />

isolamento, pois entendia que a única prevenção efetiva seria trancafiar o doente, algo<br />

praticamente impossível. (DUCATTI, 2009)<br />

Nas primeiras décadas do Século XX várias instituições sociais foram fundadas: em março <strong>de</strong><br />

1917, iniciava seus trabalhos a Associação Protetora dos Morféticos 32 , que se comprometia a<br />

ajudar a Santa Casa <strong>de</strong> Misericórdia <strong>de</strong> São Paulo na “assistência material e espiritual dos<br />

morféticos por ela hospitalizados”. (MACIEL, 2007; SANTOS, 2006a). No início da década<br />

<strong>de</strong> vinte, já existia no Rio <strong>de</strong> Janeiro a Associação Santa Terezinha do Menino Jesus, que<br />

tinha foco nos filhos <strong>de</strong> hansenianos 33 . (MONTEIRO, 1998). Em 1926, foi criada a Socieda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Assistência às Crianças Lazaras, em São Paulo, posteriormente Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Assistência<br />

aos Lázaros e Defesa contra a Lepra, fundada por Alice Tibiriçá e outras damas da socieda<strong>de</strong><br />

paulista. A Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Assistência aos Lázaros priorizou inicialmente as cida<strong>de</strong>s do interior<br />

<strong>de</strong> São Paulo, e gradativamente expandiu-se para diversas regiões do país. Em 1928, foi<br />

31 Adolfo Lutz discordava do isolamento, mas não pelas mesmas questões que os humanistas consi<strong>de</strong>ravam. Ele<br />

atribuía a um inseto a transmissão da “lepra”, e o mosquito causador da doença po<strong>de</strong>ria invadir qualquer<br />

ambiente, sendo impossível manter um ambiente hermeticamente fechado (DUCATTI, 2009). Lutz foi autor <strong>de</strong><br />

vários trabalhos em que tentava relacionar a doença com a picada <strong>de</strong> insetos.<br />

32 A Associação Protetora dos Morféticos surgiu por iniciativa do Arcebispo do Estado, do casal Macedo Soares<br />

e das ‘damas da socieda<strong>de</strong> paulista’. Tinha a missão <strong>de</strong> "prestar carida<strong>de</strong>", "socorrer os leprosos", asilados ou<br />

não, e suas famílias, além <strong>de</strong>, ainda, exercer ações <strong>de</strong> profilaxia, evitando o contágio dos pais infectados com<br />

seus filhos, como <strong>de</strong>terminava a orientação do serviço sanitário do Estado. (MACIEL, 2007)<br />

33 Em 1922, graças a uma doação <strong>de</strong> Celestino Bourroul, a Associação Santa Terezinhado Menino Jesus tomou<br />

posse <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> terreno na Lapa, on<strong>de</strong> pretendia construir um Asilo-Escola, que foi impedido pelo Serviço<br />

Sanitário, que alegou ser a localização do terreno muito central para os fins propostos. Em 1926, a Associação<br />

adquiriu um terreno no município <strong>de</strong> Carapicuíba, situado no quilômetro 23 da Estrada <strong>de</strong> Ferro Sorocabana,<br />

com projeto i<strong>de</strong>alizado pelo engenheiro Álvaro <strong>de</strong> Salles Oliveira. (MONTEIRO, 1998)<br />

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