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Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...

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normalmente <strong>de</strong>stinadas a amputados. Não se conhecia exatamente o número <strong>de</strong> doentes para<br />

calcular quantas instituições mais seriam necessárias. (MACIEL, 2007)<br />

Capanema baseou-se em referências locais, condições mínimas para instalação, pareceres<br />

jurídicos e médicos sobre a situação da proprieda<strong>de</strong> escolhida e discussões <strong>políticas</strong> sobre as<br />

obras; procurou se informar sobre a en<strong>de</strong>mia em cada região, notícias a respeito da oposição<br />

das populações vizinhas, das instalações das colônias inauguradas, dos valores investidos e<br />

das fontes <strong>de</strong> recursos (SANTOS, 2006a). Ele pretendia dar à “lepra” um lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque no<br />

combate às en<strong>de</strong>mias. A execução iniciou-se ainda em 1935, com orientação fe<strong>de</strong>ral e<br />

cooperação estadual, nos acordos com a União. O Plano previa a construção <strong>de</strong> Leprosários<br />

em quase todos os estados, segundo dados do censo leprológico <strong>de</strong> 1933. Em relação à<br />

profilaxia, era consensual entre os leprologistas a necessida<strong>de</strong> e eficácia do isolamento,<br />

sobretudo para a forma contagiosa da doença, chamada “lepra cutânea” (multibacilar)<br />

(MACIEL, 2007).<br />

Em 1936, <strong>de</strong>terminou-se a construção e ampliação dos Leprosários, revisão do censo,<br />

organização <strong>de</strong> dispensários e revisão da legislação sanitária. Segundo SOUZA-ARAÚJO<br />

(1937), Gustavo Capanema informara a existência <strong>de</strong> 30.750 “leprosos” em dados oficiais,<br />

confirmados pelo Diretor Geral <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública João <strong>de</strong> Barros Barreto (1890-1956).<br />

SANTOS (2006), revisando os arquivos <strong>de</strong> Gustavo Capanema, relata que 76% dos pacientes<br />

precisariam ser internados, o que gerou a estimativa <strong>de</strong> 43 Leprosários, sempre projetados sob<br />

um mesmo mo<strong>de</strong>lo 44 .<br />

No Rio <strong>de</strong> Janeiro, em 1936, o <strong>Centro</strong> Internacional <strong>de</strong> Leprologia (CIL) 45 promoveria o “1º<br />

Curso <strong>de</strong> Oficial <strong>de</strong> Leprologia” (4 meses), para formação <strong>de</strong> Leprologistas, sendo aprovados<br />

40 médicos. O CIL funcionou até 1939, quando o convenio com a Liga das Nações foi<br />

44 As instituições seguiam a estrutura <strong>de</strong> organização do espaço dos Leprosários paulistas: “na ‘zona sadia’, a<br />

primeira, ficavam as residências dos funcionários e os prédios da administração, a casa <strong>de</strong> hóspe<strong>de</strong>s, a portaria, a<br />

subestação <strong>de</strong> energia, e a garagem; na ‘zona intermediaria’ encontravam-se os reservatórios <strong>de</strong> água, o posto <strong>de</strong><br />

fiscalização <strong>de</strong> visitas e o local on<strong>de</strong> os doentes as recebiam; a ‘zona doente’ era a mais importante por alojar as<br />

vítimas em casas e dormitórios coletivos. Consi<strong>de</strong>rável distância separava as zonas doente e sadia, e uma<br />

portaria com cancela dava passagem apenas a algumas pessoas ‘autorizadas a cruzar a <strong>de</strong>marcação, e raros eram<br />

os casos em que um doente recebia autorização para ultrapassar esses limites”. (SANTOS 2006)<br />

45 O <strong>Centro</strong> Internacional <strong>de</strong> Leprologia foi criado em 1931 e seria fundado em 1934, é com a presi<strong>de</strong>ncia da<br />

sessão <strong>de</strong> Guilherme Guinle, participação <strong>de</strong> Ettiene Burnet (Liga das Nações), Carlos Chagas e Eduardo<br />

Rabello, e sob apoio da Liga das Nações que chegou a promover visitas internacionais para conhecimento da<br />

Lepra e o papel do Brasil frente a OPAS. O CIL também era conhecido pelas siglas CIEstL ou CIPqL. Foram<br />

<strong>de</strong>finidos membros do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) para coor<strong>de</strong>nar as pesquisas, com indicação <strong>de</strong> Souza-<br />

Araújo na Seção <strong>de</strong> Imunologia, José Carneiro Fellipe na seção <strong>de</strong> Química Fisiológica e José da Costa Cruz na<br />

Imunologia. O <strong>Centro</strong> começou funcionando em Manguinhos, Um dos focos iniciais era produzir medicamentos,<br />

e também pesquisar substancias nacionais similares a chaulmoogra.<br />

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