Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...
Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...
Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
os brasileiros <strong>de</strong>fendiam medidas para diagnostico precoce dos in<strong>de</strong>terminados, além do uso<br />
<strong>de</strong> sulfas. O Comitê <strong>de</strong> Terapêutica ratificaria as sulfas e a ampliação da cirurgia reparadora,<br />
técnicas <strong>de</strong> ortopedia e fisioterapia, com objetivo <strong>de</strong> auto-estima e reinserção social, e a<br />
Comissão <strong>de</strong> Assistência Social ratificaria o estigma dos termos utilizados, e o apoio a<br />
parentes e “ex-pacientes”. A possível reversão lepromínica com a BCG, usada por Ruben<br />
David Azulay no Preventório Santa Maria em Curupaity em 1947 e rejeitada em Cuba, foi<br />
vista com resultados “bastante promissores” em Madri. A educação e propaganda sanitária<br />
surgem como estratégias para disseminar os conceitos não discriminatórios, o tratamento com<br />
sulfas e as formas <strong>de</strong> contagio.<br />
O SNL cumpria a maioria <strong>de</strong>stas <strong>de</strong>terminações, algumas <strong>de</strong>las <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 40,<br />
especialmente as educativas. O isolamento não seria mais compulsório, mas seletivo, para os<br />
casos contagiosos, até a regressão clínica da doença. As leis <strong>de</strong> isolamento se mostraram<br />
ineficazes, pois os pacientes fugiam do tratamento (MACIEL, 2007; CURI, 2002). Foi<br />
apontada também em Madri a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rever a legislação uma vez que internação e alta<br />
eram <strong>de</strong>finidos por leis e portarias diferentes, inclusive no Brasil:<br />
“o isolamento foi implantado a partir do <strong>de</strong>creto n° 16.300. <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<br />
<strong>de</strong> 1923. No entanto, foi modificado com a Lei n° 610, <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong><br />
1949. e no ano seguinte, em 2 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1950. foi publicada a Lei n° 1.045 -<br />
que regulava a concessão <strong>de</strong> altas e transferências. Em 8 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1950,<br />
através da Portaria n° 11, assinada pelo Diretor do SNL, Dr. Emani Agrícola,<br />
foram baixadas as instruções que regulavam as concessões <strong>de</strong> altas (provisórias<br />
ou <strong>de</strong>finitivas) e as transferências para dispensários, já previstas na Lei n°<br />
1.045. Composta <strong>de</strong> 39 artigos, esta lei expunha em <strong>de</strong>talhes por que critérios<br />
os pacientes do exame clinico e baciloscópico realizado pelos leprologistas que<br />
compunham as comissões <strong>de</strong> alta.” (MACIEL, 2007).<br />
Em 1954 o SNL implantou no Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro, o piloto da Campanha Nacional<br />
Contra a Lepra (CNCL), que seria expandida para todo o território nacional somente a partir<br />
<strong>de</strong> 1959, após intenso <strong>de</strong>bate entre os leprologistas e os <strong>de</strong>putados fe<strong>de</strong>rais das Comissões <strong>de</strong><br />
Saú<strong>de</strong> e Finanças. Segundo MACIEL (2007), a CNCL foi<br />
“a alternativa encontrada para que o Serviço Nacional <strong>de</strong> Lepra continuasse a<br />
se responsabilizar pelo combate à doença. A constatação <strong>de</strong> que a CNCL seria<br />
a alternativa mais a<strong>de</strong>quada para este fim a constituiu num elemento<br />
importante para possibilitar o fim do isolamento, rompendo uma ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong><br />
profilaxia pautada no isolamento e no afastamento social dos doentes da<br />
socieda<strong>de</strong> saudável”.<br />
A campanha-piloto no Rio <strong>de</strong> Janeiro, entre 1954 e 1956, não teve características <strong>de</strong> uma<br />
“campanha”, e o termo foi usado para <strong>de</strong>screver todas as medidas profiláticas utilizadas para<br />
combater a “lepra”, inclusive <strong>de</strong> longa duração (não campanhista), para se conseguir o<br />
130