Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...
Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...
Hanseníase: políticas públicas e qualidade de vida de - Centro de ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
4.2 Campo <strong>de</strong> Estudo: Casa <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Santa Izabel<br />
“Apenas uma atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> retraimento se observa nesse <strong>de</strong>rramamento<br />
<strong>de</strong> bonda<strong>de</strong>. É quando se <strong>de</strong>para o problema do hanseniano. Surge<br />
então a rigi<strong>de</strong>z das leis <strong>de</strong> profilaxia, seguidas <strong>de</strong> poucas providências<br />
<strong>de</strong> or<strong>de</strong>m social e humana” (DINIZ, 1961)<br />
Para contextualizar a Casa <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Santa Izabel, campo do estudo, foram consultadas teses<br />
históricas, o website do MORHAN, a legislação, monografias <strong>de</strong> conclusão <strong>de</strong> curso e a<br />
literatura científica disponível. Foi realizada também busca na Biblioteca do Memorial José<br />
Avelino, que conta com periódicos <strong>de</strong> leprologia datados da primeira meta<strong>de</strong> do século XX.<br />
Optou-se por contextualizar historicamente o campo <strong>de</strong> estudo, tendo em vista a influência<br />
direta da história <strong>de</strong>stes pacientes na atual <strong>qualida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>vida</strong> <strong>de</strong>les e <strong>de</strong> seus cuidadores.<br />
Segundo SOUZA-ARAÚJO (1937), a lepra já era endêmica em Minas Gerais no século XVII.<br />
O primeiro hospital para a “cura do mal <strong>de</strong> São Lázaro” foi construído em Sabará, em 1787<br />
(SANTOS, 2006b), mas inaugurado somente em 1883.<br />
Em 1806 foi fundada uma enfermaria para “lázaros” junto à Santa Casa <strong>de</strong> São João d'El-Rei,<br />
que abrigou poucos doentes por algumas décadas. Em 1841 o Presi<strong>de</strong>nte da Província das<br />
Minas Gerais Francisco José <strong>de</strong> Souza Soares d'Andréa (1781-1858), pediu a criação <strong>de</strong> um<br />
“hospital para lázaros”, e em 1848 já havia legislação específica sobre a doença, que proibia<br />
aos “leprosos e morpheticos” do municipio <strong>de</strong> “Villa Nova da Formiga” o exercicio <strong>de</strong><br />
profissões publicas, sob pena <strong>de</strong> 2 a 8 dias <strong>de</strong> prisão e multa <strong>de</strong> 4 a 12 mil reis (SOUZA-<br />
ARAÚJO 1937).<br />
Em 1917 Couto e Silva publicou o 1° censo dos “leprosos” no Estado, com estimativa <strong>de</strong> 601<br />
doentes, número apresentado pelo <strong>de</strong>putado Raphael Fernan<strong>de</strong>s em 1927 na Camara Fe<strong>de</strong>ral,<br />
on<strong>de</strong> concorreria com as estimativas <strong>de</strong> Antônio Aleixo (10.000), Aguiar Pupo (11.000) e<br />
Belisario Penna (12.001), sendo aceita pelo <strong>de</strong>putado Nelson <strong>de</strong> Senna a estimativa <strong>de</strong> 10.000<br />
doentes (SOUZA-ARAÚJO 1937). O “censo da lepra em Minas”, publicado em Março <strong>de</strong><br />
1931 pelo ex-diretor <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Publica do Estado, Raul <strong>de</strong> Almeida Magalhães, calculou 8.751<br />
leprosos para Minas Gerais. 21<br />
21 Censo por estimativa baseada no fichamento <strong>de</strong> 2.780 “leprosos” e suspeitos para uma população <strong>de</strong> 3.074.257<br />
habitantes. Accrescidos 30% para os casos <strong>de</strong>sconhecidos obteve Magalhães 3.612. ou sejam 1,2 por 1.000.<br />
Applicando esse coefficiente para o resto da população, obteve-se o total <strong>de</strong> 8.751. (SOUZA-ARAÚJO, 1937)<br />
72