Debates do Parlamento Europeu - Europa
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PT<br />
<strong>Debates</strong> <strong>do</strong> <strong>Parlamento</strong> <strong>Europeu</strong><br />
Não devemos evitar as conversações com Cuba, mas devemos insistir em que um diálogo<br />
verdadeiro deve emanar da verdade, por outras palavras, a sua incapacidade para reconhecer<br />
a importância central <strong>do</strong> indivíduo. Do que necessitamos, mais <strong>do</strong> que apertos de mão e<br />
gestos de simpatia, é de medidas adequadas que levem o governo castrista a aban<strong>do</strong>nar<br />
qualquer esperança de alcançar compromissos que não atribuam qualquer importância,<br />
ou pelo menos apenas importância secundária, à questão <strong>do</strong>s direitos humanos.<br />
O <strong>Parlamento</strong> aproveitou, e muito bem, esta oportunidade, ao contrário <strong>do</strong> Alto<br />
Representante, a quem volto a recordar, tal como já fiz esta manhã, que Cuba libre não é o<br />
nome de um cocktail: é um grito que trazemos no peito, porque queremos a democracia<br />
e queremos que Cuba seja livre.<br />
María Muñiz De Urquiza (S&D). – (ES) Senhora Presidente, nós, os membros espanhóis<br />
<strong>do</strong> Grupo da Aliança Progressista <strong>do</strong>s Socialistas e Democratas no <strong>Parlamento</strong> <strong>Europeu</strong>,<br />
lamentamos profundamente a morte de Orlan<strong>do</strong> Zapata e a situação <strong>do</strong>s prisioneiros de<br />
consciência e exigimos firmemente a sua libertação.<br />
A morte de Orlan<strong>do</strong> Zapata é lamentável, mas pode também constituir o ponto de partida<br />
para que paremos de falar de direitos humanos em Cuba e comecemos a trabalhar em prol<br />
<strong>do</strong>s direitos humanos com as autoridades cubanas, a promover os direitos humanos em<br />
Cuba. Para isso, temos de começar a pensar em mudar a posição comum que nos impede<br />
de estabelecer qualquer diálogo com as autoridades cubanas, que são quem tem capacidade<br />
para modificar a situação <strong>do</strong>s direitos humanos na ilha.<br />
A posição comum – que, aliás, não é assim tão comum, porque uma grande parte <strong>do</strong>s<br />
Esta<strong>do</strong>s-Membros da União Europeia tem relações bilaterais com Cuba – é um obstáculo<br />
que está a inviabilizar qualquer possibilidade de diálogo político. É um obstáculo à aplicação<br />
pela União Europeia <strong>do</strong>s princípios subjacentes à sua acção externa, que incluem a<br />
promoção da democracia e <strong>do</strong>s direitos humanos no mun<strong>do</strong>.<br />
A posição comum é um instrumento desactualiza<strong>do</strong> e ultrapassa<strong>do</strong>, a<strong>do</strong>pta<strong>do</strong> no século<br />
passa<strong>do</strong> pelos 15 Esta<strong>do</strong>s-Membros da União Europeia. Agora temos 27 Esta<strong>do</strong>s-Membros.<br />
A situação no mun<strong>do</strong> mu<strong>do</strong>u. Os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s estão a dialogar com Cuba sobre temas<br />
tão sensíveis como a imigração. A Organização <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Americanos já admitiu Cuba,<br />
com base no diálogo, no contexto <strong>do</strong> respeito pelos princípios que regem esta organização.<br />
Nesta nova era para a União Europeia, necessitamos de um instrumento negocia<strong>do</strong><br />
bilateralmente que nos permita ser eficazes no que a União Europeia é eficaz, nomeadamente<br />
a promoção da democracia e <strong>do</strong>s direitos humanos. É uma extravagância a União Europeia<br />
bloquear o diálogo com Cuba, pois, nas suas relações externas, já negociou e está a<br />
implementar acor<strong>do</strong>s celebra<strong>do</strong>s com países que não cumprem as normas mínimas em<br />
matéria de direitos civis e políticos e, naturalmente, em matéria de direitos sociais, algo<br />
que Cuba faz.<br />
Só o diálogo, os mecanismos de cooperação e de compromisso através de um trata<strong>do</strong><br />
internacional permitirão à União Europeia exigir algo a Cuba e os que recusam o diálogo<br />
estão a impedir a busca de uma saída digna para aqueles que dizem defender.<br />
Em contrapartida, a política externa <strong>do</strong> Governo espanhol deu um bom exemplo de como<br />
através de um diálogo construtivo e exigente foi possível libertar um número considerável<br />
de prisioneiros de consciência.<br />
10-03-2010